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Periferia de Salvador vive dias de tensão
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Os ataques dos últimos cinco
dias criaram um ambiente de
tensão em bairros de Salvador
onde ônibus e postos policiais
foram destruídos. A maioria
das ações ocorreu na periferia,
região de atuação da facção criminosa Comissão da Paz, de
acordo com a polícia.
Os ataques, que já deixaram
16 ônibus destruídos e um motorista com queimaduras, fizeram o sindicato de motoristas e
cobradores cogitar uma greve,
caso mais funcionários ou passageiros fiquem feridos.
"Nós só não deflagramos a
greve ainda porque é o que eles
[os criminosos] querem. Mas a
população não pode ser prejudicada por isso", afirmou Ubirajara Sales, diretor de imprensa do sindicato.
A reportagem percorreu três
bairros onde houve ataques
(Águas Claras, Pero Vaz e Alto
de Coutos). Nesses locais, passageiros, motoristas e cobradores de ônibus dizem evitar utilizar o transporte à noite.
A cabeleireira Dandara
Aguiar, 22, estava no ônibus
atacado em Pero Vaz, anteontem, por volta das 22h. Ela contou que os criminosos chegaram em um carro branco e ordenaram que o veículo fosse esvaziado antes de incendiá-lo.
"Estava todo mundo em pânico. Quando tocaram fogo no
ônibus, todo mundo saiu correndo, e eu até torci o pé. Eu
chorava tanto que, quando cheguei em casa, nem consegui explicar para minha mãe o que tinha acontecido", contou ela.
O cobrador Celso de Souza,
35, diz que só continua trabalhando porque os alvos dos criminosos ainda são apenas os
veículos. "No momento em que
começarem a atirar na gente,
colocar fogo no pessoal, aí não
vai ter ninguém que me faça
entrar num ônibus", disse.
(MM)
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