São Paulo, sábado, 12 de setembro de 1998

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VIOLÊNCIA
Assassino que age de maneira semelhante à do motoboy que atacava em SP já matou 10 mulheres em Nova Friburgo
Polícia procura maníaco do parque do RJ

SERGIO TORRES
enviado especial a Nova Friburgo

Um assassino que age de maneira semelhante à do maníaco do parque do Estado, em São Paulo, já matou dez mulheres na cidade turística de Nova Friburgo, na região serrana do Estado do Rio, desde 1994.
Em todos os crimes, as vítimas sofreram torturas e violências sexuais. Seis mortes ocorreram em uma floresta no parque São Clemente, área nobre do município, que fica a 134 km do Rio.
O primeiro corpo Äde Susiane Abreu Travassos, 22Ä foi descoberto em junho de 94. O último, de Fabiana Ferreira Rocha, 16, em abril deste ano.
Passados mais de quatro anos do início da série de mortes, a polícia não conseguiu prender ninguém. Há apenas suspeitos.
O delegado-titular de Nova Friburgo, Henrique Pessoa, 36, disse à Folha que pelo menos sete assassinatos foram praticados da mesma forma.
"Há alguns crimes que podem não ter vinculação", afirmou o delegado, referindo-se às mortes de três mulheres fora do parque São Clemente.
As três vítimas descartadas pelo delegado foram mortas como as outras sete. Antes de assassinadas, sofreram ataque sexuais e agressões.

Desaparecidas
Apesar de pouco disposto a falar sobre os crimes em série, Pessoa afirmou que há três jovens desaparecidas. Uma delas chama-se Mabiá da Silva. Ele não revelou os nomes das outras duas.
As mortes vinham merecendo pouca atenção da polícia até 11 de fevereiro do ano passado, quando, de uma só vez, foram localizados os corpos de quatro mulheres nas matas do parque São Clemente.
A descoberta dos cadáveres, na terça-feira de Carnaval, chocou a população da cidade de Nova Friburgo. Três das vítimas estavam desaparecidas desde o ano anterior. Única formalmente identificada, Cleide Carla Lima, 16, sumira de casa uma semana antes da localização dos corpos.
As quatro jovens estavam nuas. Foram mortas por estrangulamento e a facadas.
Parentes reconheceram objetos e roupas de Sílvia Lima Nicolau, Gilcimara de Oliveira e Amanda Prosper da Silva.

Reconhecimento
A decomposição dos corpos impediu a perícia da Polícia Civil de fazer o reconhecimento formal.
Até hoje, a polícia não providenciou a realização de exames de DNA nos cadáveres, que continuam guardados no IML (Instituto Médico Legal).
"Quem vai pagar a despesa com os exames será a Prefeitura de Nova Friburgo", disse o delegado. Não há previsão para a realização dos exames.
No ano passado, a polícia considerou estar perto da descoberta da identidade do "maníaco da serra", como é conhecido o assassino na cidade.
No final de março, o estudante Rafael Azevedo Silveira, 19, foi morto com um tiro na cabeça quando namorava na localidade de Alto das Braunes.
Sua acompanhante sofreu violências sexuais e teve o corpo ferido a navalhadas.
Ela só não foi morta porque, em um momento de distração do criminoso, escapou nua e ferida ao volante do carro em que estava com Silveira.
A polícia prendeu o caseiro Manoel Santos, 35, o Manoel Maluco. A sobrevivente o reconheceu.
Na semana passada, ele foi condenado a 43 anos de prisão pela morte do rapaz e pelas agressões sexuais à jovem.
Para a polícia, Santos era o "serial killer" responsável pelas mortes, mas nada foi provado.
"Ele praticou um crime semelhante, mas isolado. Seria um autor em potencial, mas não conseguimos vinculá-lo aos demais casos", disse o delegado.



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