São Paulo, sábado, 12 de setembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Velório de 25ª vítima acaba em tumulto

Renata Freitas/Folha Imagem
Tumulto durante o velório de Severina Camélia da Costa, morta no desabamento do templo da Igreja Universal do Reino de Deus, em Osaco


RICARDO ZORZETTO
da Reportagem Local

Revolta e tumulto marcaram ontem o velório de Severina Camélia Costa, 47, a 25ª vítima do desabamento do templo da Igreja Universal do Reino de Deus, no sábado passado, em Osasco.
O comerciante Manoel Oliveira Ramos, 44, irmão de Severina, e Carmelito Wilson de Castro, cunhado da morta, começaram uma discussão que terminou em pancadaria. A confusão começou por volta das 15h, cerca de meia hora antes de o corpo de Severina ser transportado do Velório Municipal para o Cemitério Jardim Santo Antônio, onde foi sepultado por volta das 16h.
Castro e um outro membro da igreja tentaram impedir o trabalho da imprensa no salão onde Severina estava sendo velada. Ramos discordou do concunhado e irritou-se com ambos. "Podem continuar seu trabalho. Eu sou irmão dela, eu decido quem fica", disse Ramos a fotógrafos e cinegrafistas.
Segundo testemunhas, após a discussão, Ramos, Castro e membros da igreja se atracaram e trocaram socos e pontapés. O tumulto se espalhou para o salão, onde outros três corpos eram velados. Durante a confusão, pessoas esbarraram no caixão de Severina que quase tombou. Kátia Ramos Costa, filha de Severina, disse que a confusão começou porque seu padrasto, Jorge Wilson de Castro, não queria permitir filmagens.
Severina morreu no início da tarde de anteontem, cerca de duas horas e meia após ter alta da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Segundo o laudo do IML, Severina morreu por tromboembolismo pulmonar e lesões corporais traumáticas (leia texto abaixo).
Durante o velório, os filhos de Severina estavam emocionados e revoltados. Eles acusavam a igreja de não ter pago a internação de Severina no Hospital das Damas (particular), em Osasco.
Segundo Maria da Penha Ramos, filha de Severina, sua mãe passou mal no sábado, após ter feito exames no Hospital Antonio Giglio e ter sido liberada, e foi levada ao Hospital das Damas, onde seriam cobrados cerca de R$ 5.000, para que Severina fosse internada e sofresse uma cirurgia.
Maria disse que o pastor que a acompanhava não quis pagar a quantia e resolveu transferir sua mãe para a Santa Casa, em São Paulo. Ela afirma ainda que o pastor a xingou e disse que ela estaria se intrometendo demais.
O pastor, que não quis revelar seu nome, negou as acusações e disse que antes de pagar o hospital teria de consultar os líderes da igreja. Uma pessoa que se identificou como pastor Delmar afirmou que a igreja está dando apoio financeiro às famílias dos mortos. A Folha apurou junto ao Velório Municipal de Osasco que os velórios foram pagos pela igreja.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.