São Paulo, quarta-feira, 12 de outubro de 2005

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REFERENDO

Dez premiados dizem que a proibição ajudará a diminuir a violência

Prêmios Nobel da Paz lançam manifesto de apoio ao "sim"

VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Dez vencedores do Prêmio Nobel da Paz divulgaram ontem um manifesto de apoio à proibição do comércio de armas de fogo e munição no Brasil. Para eles, o referendo será acompanhado em outros países, e a vitória do "sim" poderá ter impacto positivo na diminuição da violência.
Assinado, entre outros, pelo bispo sul-africano Desmond Tutu, vencedor do prêmio em 1984, e pela juíza iraniana Shirin Ebadi, vencedora em 2003, o manifesto afirma que o referendo de 23 de outubro "é altamente relevante para o aumento do controle internacional de armas e para prevenir a violência armada globalmente".
Para o vice-presidente da frente parlamentar Pelo Direito da Legítima Defesa, Luiz Antonio Fleury Filho (PTB-SP), o manifesto é mais um exemplo de "pessoas que fazem parte de uma comunidade mais desenvolvida, de uma forma geral, querendo dizer o que o Brasil deve fazer ou não".
Para os apoiadores, o "sim" no referendo "mandará uma mensagem ousada de que as pessoas no Brasil não querem casas, ruas, escolas e espaços públicos inundados por armas". Em outro ponto do manifesto, seus autores defendem que a decisão pela proibição poderá estimular o apoio a um tratado internacional para regular o comércio de armas.
Em declarações enviadas com o manifesto, Jody Williams, coordenadora da Campanha Internacional para a Proibição de Minas Terrestres, vencedora do prêmio em 1997, diz que "as mulheres no Brasil têm agora uma oportunidade histórica para ter um impacto decisivo na redução dos custos humanos da violência armada".
Oscar Arias (vencedor em 1987), ex-presidente da Costa Rica, autor de plano de paz para a América Central, disse que o "sim" no referendo "seria uma contribuição importante aos esforços para acabar com violações aos direitos humanos e mortos sem sentido no país".
Para o deputado Fleury, contrário à proibição do comércio de armas, a manifestação "é a mesma atitude que nós vemos por parte de países desenvolvidos que não conservaram as suas florestas e agora querem até internacionalizar as florestas brasileiras".
"Tenho certeza de que a maioria deles não tem essa proibição nos seus próprios países, como o Desmond Tutu. Então, que cada um comece esse trabalho no seu país e, se der certo, nós poderemos seguir", disse Fleury.
Segundo o deputado federal, o Brasil não pode servir "de cobaia para simplesmente agradar àqueles que, em seus países, não tomam providências para que isso ocorra".


Outros ganhadores que apóiam o manifesto: Adolfo Pérez Esquivel (1980); Albert Schwetzer (1952); Anistia Internacional (1977); Betty Williams (1976); International Physicians for the Prevention of Nuclear War; Mairead Corrigan (1976)

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