São Paulo, Sexta-feira, 12 de Novembro de 1999
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SISTEMA PENAL

Motim ocorreu quando o José Carlos Dias inaugurava novas instalações de um presídio no MT

Tiroteio interrompe visita de ministro

ROBERTO SAMORA
da Agência Folha,
em Campo Grande

Uma rebelião na penitenciária Mata Grande, em Rondonópolis (210 km ao sul de Cuiabá-MT), assustou o ministro da Justiça, José Carlos Dias, e o governador do Mato Grosso, Dante de Oliveira (PSDB), que inauguravam novas alas do presídio.
Os dois estavam conhecendo as instalações, por volta das 11h, quando 170 presos do pavilhão 2 iniciaram um quebra-quebra.
Com a confusão, o ministro e o governador, que estavam no pavilhão administrativo, retiraram-se do local. Depois de realizar o descerramento das placas inaugurais na entrada da penitenciária, foram embora.
Pouco depois, os presos rebelados foram até o alambrado, que divide a ala 2 das demais, e tentaram pulá-lo. Segundo a polícia, um preso foi visto segurando uma arma durante o motim.
O secretário de Justiça e Cidadania, Hermes de Abreu, 46, que acompanhou a visita de Dias, afirmou que a Polícia Militar deu tiros para cima e atirou bombas de efeito moral para evitar a tentativa de fuga.
O detento Rosemárcio Gomes, que estava quase pulando o alambrado, acabou sendo ferido na perna. Ele foi atendido na Santa Casa da cidade. Abreu disse que a polícia atirou para evitar que outros também pulassem a cerca.
Mesmo que os detentos conseguissem transpor o obstáculo, eles ainda teriam pela frente um muro de 5,5 metros.
Abreu qualificou o motim de "ato de vandalismo" e "protesto insano". Ele afirmou que os presos têm o direito de protestar, mas não poderiam quebrar as instalações da penitenciária.
Os 170 detentos rebelados se acalmaram após a ação da polícia e foram transferidos para um dos pavilhões inaugurados. As celas não estavam superlotadas. A penitenciária abriga atualmente 351 presos e tem capacidade para 716. Eles protestaram contra a demora para o atendimento de pedido de progressão de regime de prisão (de fechado para semi-aberto) para quatro detentos. Também exigiam a presença do juiz da Vara de Execuções Penais.
Após a rebelião, que durou duas horas, a PM fez uma varredura no presídio e não encontrou nenhum tipo de arma de fogo com os presos, a maioria condenados por homicídio e roubo. Foram encontrados vários estiletes.
Ontem, por causa da presença do ministro da Justiça, cerca de cem homens da PM trabalhavam no local. Normalmente são cerca de 30 policiais.
Antes de retornar para Brasília, o ministro ainda participou de uma audiência sobre segurança pública com representantes de entidades do Mato Grosso.


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