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Cidades sacrificam cães saudáveis
da Reportagem Local
da Agência Folha
O Instituto Adolfo Lutz de Bauru (SP) foi responsável pelo sacrifício desnecessário de pelo menos
75 cães do município de Lins (453
km de distância da capital). Os
animais eram suspeitos de estar
infectados pela leishmaniose.
A matança começou no final de
julho e prosseguiu até duas semanas atrás. O problema aconteceu
porque o laboratório emitiu falsos diagnósticos.
As causas que levaram o laboratório a divulgar diagnósticos incorretos ainda não foram descobertas. A provável causa, segundo o laboratório, foi um problema com a água da região, que foi
utilizada na realização do exame
e que teria mais ácido que o comum.
Há suspeitas de que uma funcionária teria usado água com
sais minerais, o que teria alterado
o resultado dos exames.
No total, foram analisadas, segundo o laboratório, 450 amostras de sangue de cães, dos quais
130 foram diagnosticados como
contaminados pela doença.
O problema veio à tona quando
o laboratório estranhou o volume
de resultados positivos, que estava acima das expectativas. As
amostras foram então enviadas
para a sede do instituto em São
Paulo, que refizeram os testes.
Constatou-se, então, que apenas
dez cães tinham a doença.
Segundo o secretário da Saúde
de Lins, Edivaldo Alves Trindade,
a equipe de controle de doenças
colheu 4.900 amostras de sangue,
que foram encaminhadas para o
Instituto Adolfo Lutz de Bauru
(345 km a noroeste de SP).
Cerca de 2.300 foram analisadas. Dessas, 275 apresentaram resultado positivo à doença e 85
cães foram mortos com a "injeção letal"- solução de cloreto de
potássio que causa parada generalizada dos órgãos.
Para Cristiano Azevedo Marques, diretor do Instituto Adolfo
Lutz, cerca de 50 mil cães estão
sendo examinados na região que
abrange uma raio de 150 km de
Araçatuba (532 km a noroeste de
SP), município que registrou o
primeiro caso de leishmaniose no
Estado, em abril deste ano, após
16 anos.
A leishmaniose, também conhecida como calazar, é uma
doença comum, endêmica, em
zonas rurais, em colonizações em
regiões de mata.
Ela é transmitida pelo mosquito
"palha" (Lutzomya longipalpis)
que pica um animal carregando o
protozoário Leishmania chagasi
em seu organismo. Ao picar o homem, ele transmite a doença, que
tem cura no homem, mas é irreversível nos cães.
Até outubro a doença já contaminou 26 pessoas em SP este ano
-25 das quais em Araçatuba.
Duas pessoas morreram em consequência da doença na cidade.
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