São Paulo, Sexta-feira, 12 de Novembro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cidades sacrificam cães saudáveis

da Reportagem Local
da Agência Folha

O Instituto Adolfo Lutz de Bauru (SP) foi responsável pelo sacrifício desnecessário de pelo menos 75 cães do município de Lins (453 km de distância da capital). Os animais eram suspeitos de estar infectados pela leishmaniose.
A matança começou no final de julho e prosseguiu até duas semanas atrás. O problema aconteceu porque o laboratório emitiu falsos diagnósticos.
As causas que levaram o laboratório a divulgar diagnósticos incorretos ainda não foram descobertas. A provável causa, segundo o laboratório, foi um problema com a água da região, que foi utilizada na realização do exame e que teria mais ácido que o comum.
Há suspeitas de que uma funcionária teria usado água com sais minerais, o que teria alterado o resultado dos exames.
No total, foram analisadas, segundo o laboratório, 450 amostras de sangue de cães, dos quais 130 foram diagnosticados como contaminados pela doença.
O problema veio à tona quando o laboratório estranhou o volume de resultados positivos, que estava acima das expectativas. As amostras foram então enviadas para a sede do instituto em São Paulo, que refizeram os testes. Constatou-se, então, que apenas dez cães tinham a doença.
Segundo o secretário da Saúde de Lins, Edivaldo Alves Trindade, a equipe de controle de doenças colheu 4.900 amostras de sangue, que foram encaminhadas para o Instituto Adolfo Lutz de Bauru (345 km a noroeste de SP).
Cerca de 2.300 foram analisadas. Dessas, 275 apresentaram resultado positivo à doença e 85 cães foram mortos com a "injeção letal"- solução de cloreto de potássio que causa parada generalizada dos órgãos.
Para Cristiano Azevedo Marques, diretor do Instituto Adolfo Lutz, cerca de 50 mil cães estão sendo examinados na região que abrange uma raio de 150 km de Araçatuba (532 km a noroeste de SP), município que registrou o primeiro caso de leishmaniose no Estado, em abril deste ano, após 16 anos.
A leishmaniose, também conhecida como calazar, é uma doença comum, endêmica, em zonas rurais, em colonizações em regiões de mata.
Ela é transmitida pelo mosquito "palha" (Lutzomya longipalpis) que pica um animal carregando o protozoário Leishmania chagasi em seu organismo. Ao picar o homem, ele transmite a doença, que tem cura no homem, mas é irreversível nos cães.
Até outubro a doença já contaminou 26 pessoas em SP este ano -25 das quais em Araçatuba. Duas pessoas morreram em consequência da doença na cidade.


Texto Anterior: Doença atinge 3% dos homens
Próximo Texto: STF mantém direito a isenção para entidades filantrópicas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.