São Paulo, terça-feira, 12 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAÚDE

Pesquisa da Unesco ouviu estudantes brasileiros dos ensinos fundamental e médio

Álcool é a droga que mais atrai aluno

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Levantamento feito pela Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) em escolas do país nos últimos três anos mostra que o álcool é a droga que mais atrai alunos dos ensinos fundamental e médio -42,2% consomem bebidas eventualmente. A mesma pesquisa ressalta que só 3% dos entrevistados usam drogas, e que 92% jamais experimentaram narcóticos.
Mas, segundo o estudo, é grande a quantidade de alunos que dizem ter visto alguém consumindo drogas, como maconha (80,5%), inalantes (21,6%), cocaína (21,5%) e merla ou crack (11,6%).
Intitulada "Drogas nas Escolas", a pesquisa ouviu 3.099 professores e coordenadores, 10.225 pais e 50.049 alunos de 13 a 24 anos das redes pública e privada em 14 capitais do país desde 2000. A pesquisa tem margem de erro de 3%.
Os dados mostram que a propaganda sobre malefícios do fumo e lembretes ostensivos em maços de cigarro dão mais resultado que campanhas de conscientização sobre o uso abusivo de álcool: 45,9% dos alunos disseram que nunca consumiram bebida alcoólica, e 89,1% disseram que jamais puseram um cigarro na boca.
Segundo Mary Garcia Castro, pesquisadora responsável pelo livro, já existe "controle social" sobre o uso do cigarro no Brasil, o que não ocorre com o álcool, para o qual há "certa complacência".
Porto Alegre lidera o ranking dos usuários, seja o de drogas lícitas, como álcool (14,4%) ou cigarro (8,4%), seja o de ilícitas (6%), como maconha e cocaína.

Pedido de socorro
Segundo a pesquisa, 68,7% dos alunos que usam drogas com frequência consideram o narcótico problema, ameaça ou perigo. Para Castro, é um "pedido de socorro" do usuário, que não consegue deixar o vício. O uso de drogas é visto como problema por 86,6% entre os que nunca a utilizaram.
O apelo se dá por causa do prejuízo à saúde e da repressão social. O usuário é visto por 75,9% dos alunos como pessoas com problemas, que precisam de ajuda ou uns "otários que vão se dar mal" (51,6%). Apenas 3,8% consideram usuários como "caras legais".
O relatório também sugere ao governo um modelo para prevenir o uso de drogas pelos alunos: a "escola protegida", que investiria em novas culturas pedagógicas que estimulem a auto-estima do aluno e que o debate de temas como drogas constaria do currículo.


Texto Anterior: Urbanismo: Projeto de Niemeyer está ameaçado nos EUA
Próximo Texto: Aviação: TAM reduzirá frota de Fokker-100
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.