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São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2003

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VIOLÊNCIA

Durante os enterros, pais e amigos das vítimas fizeram apelo para que relações familiares sejam mais transparentes

Famílias pedem diálogo entre pais e filhos

DA REPORTAGEM LOCAL

Liana Friedenbach e Felipe Caffé, namorados havia cerca de dois meses, foram enterrados ontem, no mesmo horário -às 15h-, em zonas opostas da cidade. Ela, no Cemitério Israelita do Butantã (zona oeste). Ele, no cemitério da Vila Alpina (zona leste).
"Infelizmente, o exemplo aconteceu com o meu filho. Mas os jovens devem conversar mais com os pais", desabafou o economista Reinaldo Caffé, 52, pouco antes do enterro do filho. O pai disse que, se o jovem tivesse dito que iria acampar sozinho com a namorada, ele não teria deixado: "Ele burlou nossa vigilância".
Felipe disse à família que iria para o sítio com amigos. Já Liana afirmou aos pais que iria viajar para Ilhabela com amigas da Confederação Israelita Paulista.
Observando as rosas brancas que amigos e familiares colocaram sobre o caixão, Caffé chorou bastante, mas disse acreditar na "justiça dos homens e na justiça de Deus". A mãe de Felipe, Lenice, 51, teve de tomar calmantes para acompanhar a cerimônia. Nervosa, disse que nos últimos dias tinha perdido a esperança de achar o filho vivo: "Foi maldade, sadismo puro. Só existe essa teoria".
Cerca de duzentas pessoas se reuniram para acompanhar o velório e o enterro de Felipe. Reunidos em grupo, os amigos e colegas de classe se abraçavam e trocavam copos de água com açúcar.
O pai e a mãe do rapaz seguiram até o túmulo em silêncio, mas os amigos de Felipe despediram-se cantando uma música da Legião Urbana que diz: "É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade, não há".
Em ambos enterros, havia professores do colégio São Luís, onde Felipe e a namorada estudavam. Ontem à noite, foi realizada uma missa no colégio.
Após uma semana de entrevistas a jornais e emissoras de rádio e TV em busca de notícias sobre a filha, Ari Friedenbach preferiu, ontem, o silêncio. Em uma nota, agradeceu o apoio da imprensa às investigações e pediu privacidade no velório e no enterro de Liana.
A pedido da família, alguns amigos falaram sobre o caso. "O apelo é para os adolescentes escutarem os pais. Vamos ter diálogo com essas crianças", disse a pedagoga Miriam Appel, 40, amiga da família. Segundo ela, Liana tinha uma relação aberta com os pais, que aprovavam seu namoro com Felipe. "A atitude dela foi típica dos adolescentes, que querem ter um mundo reservado."
O marido de Miriam, Jorge Appel, 40, disse que a família reconhecia e agradecia o trabalho da polícia na busca pelos dois jovens.


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