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VIOLÊNCIA
Durante os enterros, pais e amigos das vítimas fizeram apelo para que relações familiares sejam mais transparentes
Famílias pedem diálogo entre pais e filhos
DA REPORTAGEM LOCAL
Liana Friedenbach e Felipe Caffé, namorados havia cerca de dois
meses, foram enterrados ontem,
no mesmo horário -às 15h-,
em zonas opostas da cidade. Ela,
no Cemitério Israelita do Butantã
(zona oeste). Ele, no cemitério da
Vila Alpina (zona leste).
"Infelizmente, o exemplo aconteceu com o meu filho. Mas os jovens devem conversar mais com
os pais", desabafou o economista
Reinaldo Caffé, 52, pouco antes
do enterro do filho. O pai disse
que, se o jovem tivesse dito que
iria acampar sozinho com a namorada, ele não teria deixado:
"Ele burlou nossa vigilância".
Felipe disse à família que iria para o sítio com amigos. Já Liana
afirmou aos pais que iria viajar
para Ilhabela com amigas da Confederação Israelita Paulista.
Observando as rosas brancas
que amigos e familiares colocaram sobre o caixão, Caffé chorou
bastante, mas disse acreditar na
"justiça dos homens e na justiça
de Deus". A mãe de Felipe, Lenice,
51, teve de tomar calmantes para
acompanhar a cerimônia. Nervosa, disse que nos últimos dias tinha perdido a esperança de achar
o filho vivo: "Foi maldade, sadismo puro. Só existe essa teoria".
Cerca de duzentas pessoas se
reuniram para acompanhar o velório e o enterro de Felipe. Reunidos em grupo, os amigos e colegas
de classe se abraçavam e trocavam copos de água com açúcar.
O pai e a mãe do rapaz seguiram
até o túmulo em silêncio, mas os
amigos de Felipe despediram-se
cantando uma música da Legião
Urbana que diz: "É preciso amar
as pessoas como se não houvesse
amanhã, porque se você parar pra
pensar, na verdade, não há".
Em ambos enterros, havia professores do colégio São Luís, onde
Felipe e a namorada estudavam.
Ontem à noite, foi realizada uma
missa no colégio.
Após uma semana de entrevistas a jornais e emissoras de rádio e
TV em busca de notícias sobre a
filha, Ari Friedenbach preferiu,
ontem, o silêncio. Em uma nota,
agradeceu o apoio da imprensa às
investigações e pediu privacidade
no velório e no enterro de Liana.
A pedido da família, alguns
amigos falaram sobre o caso. "O
apelo é para os adolescentes escutarem os pais. Vamos ter diálogo
com essas crianças", disse a pedagoga Miriam Appel, 40, amiga da
família. Segundo ela, Liana tinha
uma relação aberta com os pais,
que aprovavam seu namoro com
Felipe. "A atitude dela foi típica
dos adolescentes, que querem ter
um mundo reservado."
O marido de Miriam, Jorge Appel, 40, disse que a família reconhecia e agradecia o trabalho da
polícia na busca pelos dois jovens.
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