São Paulo, sexta-feira, 12 de novembro de 2004

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ACIDENTE

Mortes ocorreram na empresa Orica Brasil, em Lorena (SP), que fabrica explosivos; causas ainda serão investigadas

Explosões em fábrica matam 3 e ferem 12

Thiago Leon/"ValeParaibano"
Galpão da empresa onde era produzido o explosivo usado por mineradoras e empreiteiras e que sofreu uma série de explosões


FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LORENA

CLOVIS CASTELO JUNIOR
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Uma seqüência de explosões na empresa Orica Brasil Ltda, em Lorena (188 km a nordeste de São Paulo), deixou três mortos, na manhã de ontem.
Outras 12 pessoas foram hospitalizadas, sendo que seis continuavam internadas até o fechamento desta edição.
O acidente, que ocorreu num setor da empresa onde eram fabricados explosivos, produziu um incêndio que somente foi controlado duas horas depois.
As explosões foram tão fortes que estilhaçaram vidros de pelo menos duas agências bancárias no centro da cidade, distante cerca de cinco quilômetros do local, e puderam ser ouvidas e sentidas na cidade vizinha de Guaratinguetá (176 km a nordeste de SP).
Até o começo da noite, não se sabia a causa do acidente, que deixou um galpão de 1.750 m2 completamente destruído.
As investigações serão conduzidas pela Polícia Civil. A direção da empresa informou que também realizará uma "perícia rigorosa".
As explosões aconteceram a partir das 8h30, em um dos três galpões onde é produzido um explosivo conhecido como "powergel", empregado por mineradoras e empreiteiras na detonação de pedreiras. Na planta eram produzidos mensalmente cerca de mil toneladas do "powergel", uma emulsão explosiva à base de nitrato de amônia.
A empresa Orica tem uma área total de 2,7 milhões de metros quadrados, é líder nacional na produção de explosivos, funciona há 50 anos em Lorena e tem 585 funcionários.
De acordo com o assessor de imprensa da Orica, Ben-Hur Teixeira Macedo, a planta de explosivos começou a funcionar em janeiro deste ano no local.
"Era uma planta super moderna e segura. Nós não sabemos o que pode ter provocado a explosão, mas vamos fazer uma perícia rigorosa para descobrir."
Segundo Macedo, a perícia deve ser concluída em 30 dias e poderá contar com o auxílio de representantes da matriz da Orica, na Austrália. De acordo com o assessor, esse tipo de explosivo é detonado ao se misturar a um outro produto químico, que ele não soube identificar, e que é produzido em uma área diferente daquela na qual ocorreram as explosões.
Dezoito bombeiros dos municípios de Guaratinguetá e de Cruzeiro participaram da operação na Orica. Lorena não possui Corpo de Bombeiros.
De acordo com o comandante da operação, capitão Ênio Aparecido Fernandes, a seqüência de explosões destruiu completamente um dos galpões e avariou os outros dois que formam a planta.
"Reatores foram rasgados pela força das explosões. Pedaços de esquadrilhas metálicas foram atirados a mais de 500 metros de distância", disse ele.
O incêndio, segundo o capitão, foi controlado apenas duas horas depois. "Tivemos que esperar algum tempo para agir, porque havia o risco de que novas explosões acontecessem."
Dos 19 funcionários que trabalhavam no local das explosões, três morreram: Luiz Marcelo Broca, supervisor da unidade, Lamartine Alves e Marcos Elízeo Braz, ambos engenheiros químicos. A idade deles não foi divulgada. Segundo informações de amigos, Broca se casaria no próximo mês.

Feridos
Dos 12 funcionários atingidos na explosão da fábrica da Orica, seis permaneciam internados em hospitais. Na Santa Casa de Misericórdia, estavam cinco homens com idades entre 26 a 30 anos.
No Hospital Nossa Senhora da Piedade (particular), apenas um paciente de 47 anos continuava hospitalizado. Segundo a enfermagem, ele não apresentava ferimentos, mas alterações de pressão arterial em virtude do forte abalo emocional.
Um rapaz que teve a perna amputada como conseqüência da explosão e outro que teve fratura exposta na perna estavam na Santa Casa. Outros três atingidos encontravam-se em observação. Até o final da tarde de ontem, nenhum dos pacientes apresentava risco de morte.
A Orica Brasil, segundo a assessoria de imprensa, prestará total assistência às famílias dos acidentados. "A empresa tem uma rigorosa política de assistência para situações como essa. Queremos tranqüilizar as famílias quanto ao aspecto assistencial, tanto na parte hospitalar como na psicológica", disse Macedo.


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