COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Mãe de Giulia, 5, internada no hospital da UFRJ desde outubro, Jaqueline Pimenta dos Santos, 33, diz se lembrar de uma cena que considerou estranha: o técnico em enfermagem preso ontem previu que a filha teria parada respiratória 20 minutos antes de o incidente acontecer, no último dia 31. A menina tem leucemia.
"Minha irmã viu quando ele aplicou a injeção nela, dizendo que era morfina e dipirona, que são medicamentos que ela toma para dor. Ficou estranho porque, logo depois, ele disse para a médica que era melhor levá-la para a sala de repouso. Eu o ouvi dizer que ela poderia ter parada respiratória. Minutos depois de chegar lá, ela começou a ter convulsões e a parada. Foi ele mesmo quem a socorreu", contou Jaqueline.
A menina ficou entubada durante 12 dias. Segundo a mãe, o técnico em enfermagem mais parecia um médico: sempre com um estetoscópio no pescoço ou no bolso. "Mas ele era muito gentil, muito atencioso e, pelo que parece, os médicos o consideravam um ótimo técnico", disse.
Assustada com o que aconteceu, Jaqueline não sabe traduzir o que sente. "É tão animal que eu não tenho nem palavras. É uma pessoa desprezível, acredito que ele seja doente", afirmou.
Jaqueline participou da reunião ontem de manhã, no hospital, em que as famílias foram avisadas do ocorrido. Ela contou que uma senhora que acompanhava a neta, HIV positivo, também achou estranho o comportamento do técnico em enfermagem. "Ela disse na reunião que a menina estava tranqüila, comendo, quando ele aplicou uma injeção nela. Em pouco tempo, ela começou a ter convulsões e sofreu parada respiratória. Esse foi o último caso. E foi ele também quem socorreu."
De acordo com o diretor do hospital, Antônio Ledo, esses depoimentos serão de grande importância para as investigações da sindicância interna e, possivelmente, também da Polícia Federal. "Nós não vimos essas coisas, as mães vão ajudar muito." (TF)


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