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COMIDA SUSPEITA
Houve problemas em 35 dos 80 pontos vistoriados no Blue Tree
Vigilância de PE vê falhas e interdita cozinha de resort
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
A Secretaria da Saúde de Cabo
de Santo Agostinho (a 30 km de
Recife, PE) interditou no final da
noite de anteontem todos os setores de manipulação de alimentos
do resort Blue Tree Park.
Foi nesse hotel que cerca de 70
participantes de um congresso de
juízes passaram mal, durante o último final de semana, entre eles a
estudante Bruna Oliveira, 9, que
morreu na segunda-feira.
Segundo o secretário da Saúde
do município, Antonio Carlos Cabral, a Vigilância Sanitária constatou problemas em 35 dos 80 itens
inspecionados no hotel. Em 11 deles, afirmou, a situação foi considerada "emergencial, com riscos
iminentes à saúde".
Entre as irregularidades, afirmou Cabral, foi constatada a ausência do controle de temperatura das câmaras frigoríficas, incompatibilidade entre a estrutura
física da cozinha e o volume de
alimentos preparados e falhas no
fluxo de preparação das refeições,
com pratos recolhidos cruzando
com outros em preparação.
A interdição ocorreu às 23h30
(0h30 de ontem em Brasília) e
atingiu, além da cozinha central, a
padaria, a confeitaria, o açougue,
o bar, o restaurante e o setor de
frios e verduras do resort.
Segundo o secretário, essas
áreas só serão liberadas após o hotel regularizar a sua situação.
Outro lado
A direção do Blue Tree Park informou que "segue em operação"
e que está tomando "as medidas
necessárias e recomendadas pela
Vigilância Sanitária para que sua
área de alimentação volte a funcionar normalmente o mais rápido possível".
Desde o surgimento do problema, o Blue Tree Park se pronunciou três vezes. Na primeira vez,
informou que aguardaria o resultado dos exames. Anteontem,
emitiu um comunicado oficial lamentando a morte da garota e informando que está colaborando
para a solução do caso. Ontem,
comentou a interdição.
O estabelecimento cobra R$ 520
(mais 5% de taxa) de diária para
casal por um apartamento standard, com meia pensão.
Exames médicos
A causa do suposto surto de intoxicação no hotel ainda é um
mistério. Os primeiros laudos dos
exames laboratoriais devem ser
divulgados na próxima semana.
Durante os três dias de congresso, foram servidos aos cerca de
700 participantes 516 itens de alimentação. A Vigilância Sanitária,
entretanto, só conseguiu amostras de 74 produtos para análise,
além de coletar água em 12 pontos
diferentes do hotel.
"Isso prejudica a investigação",
disse o secretário da Saúde. "A Vigilância Sanitária orienta todos os
estabelecimentos a guardar, por
72 horas, uma amostra de cada
alimento servido nos grandes
eventos", declarou.
Ontem, 59 dos 60 funcionários
do Blue Tree Park que trabalham
nos setores de manipulação de
alimentos foram submetidos a
exames clínicos. Apenas um não
foi localizado.
Os médicos também recolheram amostras de mucosas para
exames laboratoriais.
Há suspeita de que uma bactéria
tenha provocado o surto. Até ontem, duas hóspedes continuavam
internadas em Recife, com sintomas de infecção intestinal.
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