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São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2003

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OPERAÇÃO CASTELINHO

Estado afirma que ainda não foram analisados novos laudos pedidos pelo próprio Ministério Público

"Não há provas novas", afirma secretaria

DA REPORTAGEM LOCAL

Para a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, "nada de novo foi acrescentado ao conjunto das provas, que continua com os dois solitários depoimentos".
Os dois depoimentos, segundo nota oficial da assessoria da secretaria, são dos presos Marcos Massari e Gilmar Siqueira Leite, que trabalhavam infiltrados para o Gradi/PM e estavam na Operação Castelinho, segundo relatório interno da própria unidade extinta no ano passado.
"Denúncia foi apresentada apenas com base nas acusações de dois presos condenados, feitas há quase dois anos, que depois se recusaram a prestar depoimento na Promotoria", diz o texto da nota.
A Folha relatou à secretaria os depoimentos de cinco testemunhas que afirmam ter visto os suspeitos dominados antes dos tiros. Mas a nota não traz comentários sobre essas informações.
Em relação ao recebimento da denúncia pela Justiça de Itu, a nota da secretaria diz que "ainda não se completou boa parte das solicitações da promotora para esclarecer suas dúvidas", dando a entender que a denúncia do Ministério Público foi precipitada.
A secretaria também criticou os últimos procedimentos adotados pela Justiça. Na apresentação da denúncia, o juiz requisitou laudos de diligências mencionados na denúncia do Ministério Público que não estavam nos autos. Ontem, com a inclusão de novos laudos, o juiz aceitou a denúncia contra os 53 PMs.
"O juiz só poderia tomar duas decisões: acolher ou rejeitar a denúncia. Diante da dúvida colocada anteriormente pelo magistrado, sua excelência optou por uma terceira posição não prevista em lei, ou seja, o condicionamento do recebimento ao esclarecimento das dúvidas", diz a nota.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), já tinha defendido a ação da PM. Um dia depois da denúncia, Alckmin afirmou que "a PM agiu corretamente" na Operação Castelinho.
Em relação à infiltração de presos em quadrilhas, prática usada pelo Gradi, Alckmin disse, também na semana passada, que ela foi feita com autorização judicial.
Dois juízes que autorizavam a saída dos presos dos presídios e as escutas telefônicas solicitadas pelo Gradi já foram afastados. O Tribunal de Justiça de São Paulo também iniciou investigação para apurar o envolvimento do secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho.
A reportagem tem tentado contato com oficiais envolvidos no caso desde a apresentação da denúncia, na semana passada, mas não teve retorno.


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