UOL


São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA NO TREM

Acusados disseram que não obrigaram os jovens a pular da composição; terceiro indiciado continua foragido

2 suspeitos se apresentam e negam crime

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois acusados de terem obrigado dois jovens a pular de um trem em movimento, no último domingo, apresentaram-se ontem à polícia de Mogi das Cruzes (Grande SP). Segundo o delegado Renato Barros, do 2º DP, os acusados disseram que não ameaçaram as vítimas nem as ofenderam.
Na versão de testemunhas, eles teriam ameaçado as vítimas com uma machadinha e um tchaco (arma com dois bastões unidos por uma corrente) e teriam dito: "ou pula ou morre".
Vinícius Parizatto, 24, e Juliano Aparecido de Freitas, 18, combinaram de se entregar às 14h de ontem num ponto de ônibus na rodovia Índio Tibiriçá, próximo a Santo André (Grande São Paulo). O terceiro acusado, Danilo Gimenez Ramos, teria desistido de se entregar na última hora, de acordo com Parizatto.
Na versão dos acusados, o trio já estava no trem quando Flávio Cordeiro, 16, e Cleiton Leite, 20, embarcaram, acompanhados da noiva de Leite e de uma amiga. Freitas teria exclamado "o que é aquilo?" ao ver Cordeiro, que exibia um penteado "moicano".
Quando perceberam que estavam sendo observados, Cordeiro e Leite foram para o outro vagão e pularam pela janela, segundo os relatos dos acusados apresentados pela polícia. Eles também afirmaram que só souberam que os dois rapazes haviam pulado do trem quando foram ao outro vagão perguntar o porquê de eles estarem ali.
Segundo a polícia, eles disseram ter presumido que os "punks" iriam a um encontro de estudantes que estava sendo realizado na cidade para causar bagunça.
Na queda, Cordeiro perdeu o braço direito, mas seu estado de saúde é estável. Leite sofreu traumatismo craniano, com perda da massa encefálica, e está em coma.
Parizatto e Freitas afirmaram que apenas no dia seguinte ouviram a notícia de que os dois rapazes estavam machucados. Para escapar da polícia, começaram a perambular pelo litoral e pela capital paulista.
Eles foram identificados por meio de mensagens do disque-denúncia, além de imagens do sistema interno de segurança da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). No caso de Freitas, foram os próprios pais do acusado que procuraram a polícia. Cordeiro viu fotos dos três e os reconheceu.
Após os depoimentos, Parizatto e Freitas foram levados para a cadeia pública de Mogi das Cruzes.
A justiça decretou a prisão preventiva dos três acusados por 30 dias, prorrogável por mais 30. Parizatto e Freitas foram indiciados por tentativa de homicídio qualificado. A pena, nesse caso, pode variar de 12 a 30 anos de prisão, com a possibilidade de redução em dois terços. Eles não possuem antecedentes criminais.

Carecas
Os dois jovens detidos negaram ser skinheads. Parizatto afirmou ter participado durante dois anos do grupo nacionalista Carecas do Brasil, do qual Freitas disse ser simpatizante. Segundo eles, o grupo prega a união familiar e o cristianismo e não faz apologia da violência.
Sobre as armas encontradas em sua casa pela polícia, Freitas disse ter participado durante cinco ou seis anos de um grupo de metaleiros -que, segundo ele, têm interesse por armas medievais- e que estava tentando se desfazer delas. Os dois acusados negaram que estivessem com armas no momento do incidente.


Texto Anterior: "Não há provas novas", afirma secretaria
Próximo Texto: Mistério no Rio: Vizinho teria recebido ameaças
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.