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VIOLÊNCIA NO TREM
Acusados disseram que não obrigaram os jovens a pular da composição; terceiro indiciado continua foragido
2 suspeitos se apresentam e negam crime
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois acusados de terem obrigado dois jovens a pular de um trem
em movimento, no último domingo, apresentaram-se ontem à
polícia de Mogi das Cruzes (Grande SP). Segundo o delegado Renato Barros, do 2º DP, os acusados
disseram que não ameaçaram as
vítimas nem as ofenderam.
Na versão de testemunhas, eles
teriam ameaçado as vítimas com
uma machadinha e um tchaco
(arma com dois bastões unidos
por uma corrente) e teriam dito:
"ou pula ou morre".
Vinícius Parizatto, 24, e Juliano
Aparecido de Freitas, 18, combinaram de se entregar às 14h de
ontem num ponto de ônibus na
rodovia Índio Tibiriçá, próximo a
Santo André (Grande São Paulo).
O terceiro acusado, Danilo Gimenez Ramos, teria desistido de se
entregar na última hora, de acordo com Parizatto.
Na versão dos acusados, o trio já
estava no trem quando Flávio
Cordeiro, 16, e Cleiton Leite, 20,
embarcaram, acompanhados da
noiva de Leite e de uma amiga.
Freitas teria exclamado "o que é
aquilo?" ao ver Cordeiro, que exibia um penteado "moicano".
Quando perceberam que estavam sendo observados, Cordeiro
e Leite foram para o outro vagão e
pularam pela janela, segundo os
relatos dos acusados apresentados pela polícia. Eles também afirmaram que só souberam que os
dois rapazes haviam pulado do
trem quando foram ao outro vagão perguntar o porquê de eles estarem ali.
Segundo a polícia, eles disseram
ter presumido que os "punks"
iriam a um encontro de estudantes que estava sendo realizado na
cidade para causar bagunça.
Na queda, Cordeiro perdeu o
braço direito, mas seu estado de
saúde é estável. Leite sofreu traumatismo craniano, com perda da
massa encefálica, e está em coma.
Parizatto e Freitas afirmaram
que apenas no dia seguinte ouviram a notícia de que os dois rapazes estavam machucados. Para escapar da polícia, começaram a perambular pelo litoral e pela capital
paulista.
Eles foram identificados por
meio de mensagens do disque-denúncia, além de imagens do sistema interno de segurança da
CPTM (Companhia Paulista de
Trens Metropolitanos). No caso
de Freitas, foram os próprios pais
do acusado que procuraram a polícia. Cordeiro viu fotos dos três e
os reconheceu.
Após os depoimentos, Parizatto
e Freitas foram levados para a cadeia pública de Mogi das Cruzes.
A justiça decretou a prisão preventiva dos três acusados por 30
dias, prorrogável por mais 30. Parizatto e Freitas foram indiciados
por tentativa de homicídio qualificado. A pena, nesse caso, pode
variar de 12 a 30 anos de prisão,
com a possibilidade de redução
em dois terços. Eles não possuem
antecedentes criminais.
Carecas
Os dois jovens detidos negaram
ser skinheads. Parizatto afirmou
ter participado durante dois anos
do grupo nacionalista Carecas do
Brasil, do qual Freitas disse ser
simpatizante. Segundo eles, o
grupo prega a união familiar e o
cristianismo e não faz apologia da
violência.
Sobre as armas encontradas em
sua casa pela polícia, Freitas disse
ter participado durante cinco ou
seis anos de um grupo de metaleiros -que, segundo ele, têm interesse por armas medievais- e
que estava tentando se desfazer
delas. Os dois acusados negaram
que estivessem com armas no
momento do incidente.
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