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CAOS DA SINALIZAÇÃO
Objetivo dos responsáveis por intervenções nos sinais de trânsito é "diminuir o ódio" no trânsito da capital
Grupo adultera placa para relaxar motorista
EMILIANO CAPOZOLI
REPÓRTER-FOTOGRÁFICO
Fazer o motorista esquecer,
nem que seja por alguns segundos, do estresse do trânsito. É essa
a intenção alegada por quatro jovens que há algumas semanas tapou cerca de cem placas de trânsito, nas principais ruas e avenidas
de São Paulo, com desenhos de
bichos, foguetes, entre outros.
Procurados pela polícia e criticados pela CET, que reclama dos
prejuízos e de que os motoristas
ficam desorientados sem as placas, os três rapazes e uma garota
se dizem "artistas" e integrantes
do grupo "Dom Quixote".
"Não queremos atrapalhar o
tráfego. Nosso objetivo é diminuir o ódio e o caos das ruas. Observando as placas as pessoas vão
respirar e pensar em outras coisas, além do estresse da cidade",
explica um deles, que se identifica
como Cavaleiro Negro.
Em entrevista à Folha, na condição de que não fossem identificados, contam que agem sempre
de madrugada e que planejam
mais "intervenções artísticas".
Os jovens dizem que dividem a
cidade por temas. A região da rua
Augusta foi batizada de "Zona del
Sexo". Já a rua Oscar Freire é chamada de "Zona del Poodle". Lá,
no lugar de placas indicando proibido estacionar ou área de zona
azul, existem desenhos de cães.
A avenida Brasil, ou "Zona de la
Alegria" foi outra carimbada. Na
região do parque do Ibirapuera,
foram pregados nas sinalizações
papéis com uma referência semelhante à entrada de um museu.
RZion, outro integrante do
Dom Quixote, diz que a escolha
pelas placas "nasceu quando passamos a encarar as placas como
uma mídia de alcance direto ao cidadão, altamente disponível."
Para a gerente de marketing Stefania Granito, 30, a idéia do grupo
deixou a Oscar Freire, a "Zona de
Poodle", a mais descontraída.
"Não vejo nenhum aspecto negativo nessas colagens."
Já o vendedor Leonardo Soares,
25, que trabalha na Oscar Freire,
pensou que era uma sinalização
colocada pela prefeitura. "Achei
que era uma placa indicando que
não se podia amarrar cachorro
ali. Mas ninguém até agora soube
me explicar o que é isso", disse.
Segundo a CET, limpar cada
placa sai R$ 60. A companhia diz
já ter restaurado 25 placas.
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