São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 2006

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Pai nadou 200 metros até reencontrar filhos

Chorando, comerciante lembra que, ao pular do catamarã, filhos de 8 e 11 anos "escaparam" com a violência das ondas

Segundo professora, houve empurra-empurra e confusão na hora de colocar os coletes salva-vidas; "o povo estava desesperado", lembra ela


DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Passageiros do catamarã que havia saído de Morro de São Paulo relataram momentos de agonia. "Pulei no mar segurando dois filhos, um de 11 e outro de oito anos. Ao cair, com a violência das ondas, não tive forças e eles escaparam", afirmou o comerciante Edilson Duarte.
Chorando muito, Duarte disse que nadou cerca de 200 metros até reencontrar os filhos. "Todo mundo gritava ao mesmo tempo." A mulher do comerciante, Sileide, não sabe nadar. "Pensava que podia boiar de barriga para baixo, mas estava afundando. Aí alguém gritou que eu deveria ficar de costas."
A estudante de fisioterapia Tatiane Duarte disse que começou a distribuir os coletes salva-vidas antes de o comandante alertar os passageiros. "Percebi que algo estava errado. Havia água dentro do barco, as ondas eram violentas."
Ela diz que os primeiros problemas no barco surgiram logo após sair de Morro de São Paulo. "O ar-condicionado parou. Depois, as luzes apagaram."
"Muitas pessoas gritavam de frio", disse a cantora Mirela Bastos. O carioca Júlio Santana -que visitava o vilarejo turístico pela primeira vez- sentiu o seu corpo "esfriar muito". "À medida que o tempo passava, ficava mais gelado. Tive dificuldade para respirar porque engolia água a toda hora."
A professora Rosângela Moura afirma que houve confusão para colocar os coletes salva-vidas. "O povo estava desesperado. Tinha muito empurra-empurra, havia pessoas caídas no chão, foi horrível."
O catamarã é a melhor alternativa para quem visita Morro de São Paulo. Leva duas horas e meia para cumprir os cerca de 250 km até Salvador. A passagem custa R$ 50.


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