São Paulo, quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GILBERTO DIMENSTEIN

Movimento gay

É a primeira vez que se tem notícia, no Brasil, de um passeio ciclístico exclusivo para gays

GAY ASSUMIDO, ANDRÉ HIDALGO sempre foi um apaixonado pela noite paulistana e, mesmo nos períodos mais violentos enfrentados pela cidade, nunca deixou de caminhar a pé durante a madrugada.
Habitualmente voltava para casa quando o dia amanhecia. Antes, porém, sempre tomava um café com leite e comia um pão torrado na chapa em alguma padaria. Os prazeres da noite, da cidade e de sua opção sexual se juntaram para que ele inovasse a paisagem paulistana: criou um movimento de gays que andam de bicicleta.
A idéia nasceu porque, nos últimos oito anos, André acrescentou o ciclismo à sua galeria de prazeres paulistanos. "Virou uma paixão. Pedalo horas e horas sem cansar. Pelo caminho, vou redescobrindo a cidade, sentindo o vento no rosto, aliado ao exercício físico." Uma de suas diversões preferidas é pedalar de madrugada no Minhocão (o elevado Costa e Silva), de onde, segundo ele, se tem uma "visão especial".
É a primeira vez que se tem notícia, no Brasil, de um passeio ciclístico exclusivo para gays. "É bem a cara da cidade", acredita André, que nasceu em Itararé, uma pequena cidade na fronteira entre São Paulo e Paraná.

 

Não é difícil para André Hidalgo fazer agitação. Além de ter um clube noturno, ele é o fundador da Casa dos Criadores, uma espécie de incubadora para jovens estilistas, que, gratuitamente, têm a chance de expor os seus trabalhos. De lá saíram várias estrelas da moda brasileira.
André queria mais companhia em seus passeios ciclísticos. Pela internet, arregimentou o grupo, estabelecendo algumas condições para os seus integrantes: gostar de exercício, apreciar passear por São Paulo e, obviamente, ser gay. "Não somos militantes, mas, queiramos ou não, fazemos política o tempo todo." Por causa dessa visão política, segundo ele, o grupo deveria ser exemplar nas medidas de segurança. Ninguém pode participar se não tiver 18 anos, se não usar capacete ou se não dispuser de farol. "Queremos mostrar respeito pela cidade."
 

Estava prevista para ontem à noite a terceira versão do passeio noturno, que se inicia na avenida Paulista às 20h30 e percorre as ruas do centro.
Habituado ao mundo da moda, André se sente, de certa forma, não apenas na rua mas numa passarela -e aposta que a idéia vai acabar "pegando", como ocorreu com vários estilistas que passaram pela Casa dos Criadores. Imagina, por isso, que, em breve, as rotas vão incluir lugares fora da cidade.
Diferentemente do que se faz no ambiente fashion, ele preferiu não dar nome estrangeiro ao passeio. Embora o nome sugerido fosse "Gay Bikes SP", preferiu algo mais direto: "Movimento Gay".

gdimen@uol.com.br

Texto Anterior: Real Parque: Defensoria pública contesta reintegração de famílias
Próximo Texto: A cidade é sua: Passageiro reclama de ônibus demorado na zona norte de SP
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.