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Mãe é acusada de assumir quadrilha do filho
Segundo a polícia, ela "herdou" controle do tráfico em favela do Rio após a prisão do rapaz e dirigia casa de prostituição
Operação policial prendeu outras 10 pessoas, entre elas 2 PMs suspeitos de participar da organização; todos negaram as acusações
MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO
Acusada de liderar uma quadrilha de traficantes, Lucilene
Miguel da Silva, 42, a "Tia Lu",
foi presa ontem durante operação da polícia no Rio. Segundo a
investigação, ela herdou o controle do tráfico na favela Pára-Pedro, em Irajá, zona norte, do
filho Anderson da Silva Verdane, preso em Bangu 4.
De acordo com a DCOD (Delegacia de Combate às Drogas),
a quadrilha é responsável por
assalto a mão armada, tráfico
de armas e drogas, monitoramento de presos, entrada de telefones celulares em presídios e
até recrutamento de homens
para invasão de favelas.
Lucilene foi presa numa casa
de prostituição no centro, explorada por ela, segundo a polícia. Havia no local três caixas de
munição para fuzil e drogas.
Também foram presos dois
PMs acusados de participar da
organização criminosa. A operação Bola Sete cumpriu 11
mandados de prisão.
Em seis meses de investigação, foram monitorados com
autorização judicial cerca de 50
mil telefonemas. As escutas
mostram que Lucilene chefiava
com desenvoltura os "negócios" do filho e a casa de prostituição, chegando a ameaçar de
morte o responsável pela venda
de bebidas no prostíbulo que
havia deixado faltar cerveja.
Lucilene, que estava morando na favela da Rocinha, em São
Conrado, zona sul, preparava a
invasão de sua quadrilha à favela Pára-Pedro. Segundo a polícia, a quadrilha tinha sido expulsa dali por traficantes rivais
havia três semanas.
Um dos policiais militares
suspeitos de fazer parte da quadrilha, o cabo Jorge Marcos
Castilho de Souza, do 9º BPM
(Rocha Miranda), responsável
pelo patrulhamento na região
da Pára-Pedro, foi flagrado
combinando o seqüestro relâmpago de um empresário, de
quem era responsável pela segurança particular.
O outro PM, o cabo Cláudio
Coeti, do 22º BPM (Maré), foi
preso em casa, onde foram encontradas cinco pistolas com a
numeração raspada. A DCOD
investiga se o policial também
participava do tráfico.
Lucilene negou as acusações
de tráfico de drogas, associação
para tráfico, corrupção ativa de
policiais, formação de quadrilha e de manter casa de prostituição. "Eu era só a gerente da
casa. Essa história de tráfico,
roubos e armas é uma grande
mentira da polícia."
Com apenas uma passagem
pela polícia até ontem -por
manter casa de prostituição-
Lucilene chorou ao ser presa,
segundo policiais.
Os outros dez presos também negaram todas as acusações. A Folha não conseguiu o
contato dos advogados do grupo preso.
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