São Paulo, quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

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Mãe é acusada de assumir quadrilha do filho

Segundo a polícia, ela "herdou" controle do tráfico em favela do Rio após a prisão do rapaz e dirigia casa de prostituição

Operação policial prendeu outras 10 pessoas, entre elas 2 PMs suspeitos de participar da organização; todos negaram as acusações

MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO

Acusada de liderar uma quadrilha de traficantes, Lucilene Miguel da Silva, 42, a "Tia Lu", foi presa ontem durante operação da polícia no Rio. Segundo a investigação, ela herdou o controle do tráfico na favela Pára-Pedro, em Irajá, zona norte, do filho Anderson da Silva Verdane, preso em Bangu 4.
De acordo com a DCOD (Delegacia de Combate às Drogas), a quadrilha é responsável por assalto a mão armada, tráfico de armas e drogas, monitoramento de presos, entrada de telefones celulares em presídios e até recrutamento de homens para invasão de favelas.
Lucilene foi presa numa casa de prostituição no centro, explorada por ela, segundo a polícia. Havia no local três caixas de munição para fuzil e drogas.
Também foram presos dois PMs acusados de participar da organização criminosa. A operação Bola Sete cumpriu 11 mandados de prisão.
Em seis meses de investigação, foram monitorados com autorização judicial cerca de 50 mil telefonemas. As escutas mostram que Lucilene chefiava com desenvoltura os "negócios" do filho e a casa de prostituição, chegando a ameaçar de morte o responsável pela venda de bebidas no prostíbulo que havia deixado faltar cerveja.
Lucilene, que estava morando na favela da Rocinha, em São Conrado, zona sul, preparava a invasão de sua quadrilha à favela Pára-Pedro. Segundo a polícia, a quadrilha tinha sido expulsa dali por traficantes rivais havia três semanas.
Um dos policiais militares suspeitos de fazer parte da quadrilha, o cabo Jorge Marcos Castilho de Souza, do 9º BPM (Rocha Miranda), responsável pelo patrulhamento na região da Pára-Pedro, foi flagrado combinando o seqüestro relâmpago de um empresário, de quem era responsável pela segurança particular.
O outro PM, o cabo Cláudio Coeti, do 22º BPM (Maré), foi preso em casa, onde foram encontradas cinco pistolas com a numeração raspada. A DCOD investiga se o policial também participava do tráfico.
Lucilene negou as acusações de tráfico de drogas, associação para tráfico, corrupção ativa de policiais, formação de quadrilha e de manter casa de prostituição. "Eu era só a gerente da casa. Essa história de tráfico, roubos e armas é uma grande mentira da polícia."
Com apenas uma passagem pela polícia até ontem -por manter casa de prostituição- Lucilene chorou ao ser presa, segundo policiais.
Os outros dez presos também negaram todas as acusações. A Folha não conseguiu o contato dos advogados do grupo preso.


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