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Após um ano, túmulo de poeta recebe réplica de obra de Brecheret
Escultura original foi retirada pela Pinacoteca do Estado para evitar degradação
ESTÊVÃO BERTONI
DA REDAÇÃO
"Ó, musa, cujo olhar de pedra, que não chora/Gela o sorriso ao lábio e as lágrimas estanca! (...) Leva-me longe, ó,
musa impassível e branca!", escreveu a poeta parnasiana
Francisca Júlia (1871-1920) em
"Musa Impassível", de 1895.
Do poema, surgiu a escultura
de mesmo nome, talhada por
Victor Brecheret (1894-1955)
em 1923 para adornar o túmulo
de Júlia no cemitério do Araçá
(zona oeste). A peça permaneceu no local até dezembro de
2006, quando foi retirada pela
Pinacoteca do Estado para receber cuidados de preservação.
Com o olhar não mais de pedra, e tampouco branca, a musa
deve retornar amanhã, um ano
após a retirada da original, ao
local que a abrigou por mais de
80 anos. Quem volta, porém, é
uma réplica em bronze -restaurada, a autêntica continuará
na Pinacoteca.
Cumpre-se assim um acordo
entre as famílias da poeta, do
escultor e o Estado, que encomendou a obra na época.
Para a família de Júlia, a retirada da original, de três toneladas de mármore de carrara e
2,8 metros de altura, além de
preservar o monumento, irá
resgatar a memória da poeta.
"Não queríamos que a transferência representasse só mais
uma obra do Brecheret exposta", diz Maria Isabel Carneiro,
sobrinha-neta da poeta.
A família da poeta pediu, em
contrapartida para a retirada,
uma réplica e a recuperação da
história da estátua, que virou o
livro "Musa Impassível", da
historiadora Marcia Camargos.
Do lado dos Brecheret, a opinião sobre a transferência é a
mesma. Sobre a réplica, oca,
com 380 kg de bronze, a filha do
escultor Sandra Brecheret dá o
parecer: "Ficou lindíssima, de
uma qualidade excepcional".
Questionada, a Pinacoteca
não divulgou o valor da réplica.
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