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Médicos ficam fora do Conselho Nacional de Saúde pela 1ª vez
Sem cadeira cativa, entidades médicas rejeitaram disputar vaga na eleição para a diretoria do órgão
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pela primeira vez em 55
anos, o CNS (Conselho Nacional de Saúde) não terá a representação dos médicos. O conselho é um órgão consultivo do
Ministério da Saúde para políticas públicas. A posse da nova
diretoria ocorreu anteontem.
As três entidades médicas,
AMB (Associação Médica Brasileira), CFM (Conselho Federal de Medicina) e Fenam (Federação Nacional dos Médicos), recusaram-se a disputar
uma vaga com outras 11 categorias da saúde em um processo
eleitoral. Até então, os médicos
tinham cadeira cativa no CNS.
O conselho tem 48 membros
titulares: 50% representam entidades e movimentos sociais
de usuários do SUS; 25%, entidades de profissionais de saúde; e 25%, governo, entidades
de prestadores de serviços de
saúde, conselhos de secretários
de Saúde e entidades empresariais que atuam na área.
A briga se arrasta desde
2006, quando passou a vigorar
um decreto que acabou com as
vagas fixas no CNS -que também eram privilégio de outras
categorias, como os enfermeiros e farmacêuticos. As entidades passaram a disputar entre
si as 12 vagas reservadas aos
profissionais da saúde.
Na época, para conter a pressão médica, o CNS aprovou regimento interno garantindo a
permanência de uma cadeira fixa só para os médicos. Neste
ano, a polêmica se repetiu, mas
o conselho manteve a decisão
de não garantir o privilégio.
O presidente do CNS, Francisco Batista Júnior, afirma que
apenas obedeceu ao decreto de
2006, mas que propôs um acordo verbal que previa a garantia
de uma vaga titular e duas suplências às três entidades.
"Fizemos todos os movimentos ao nosso alcance para demover as entidades médicas
dessa decisão. Não é verdade
que eles foram excluídos", diz.
Já o presidente da AMB, José
Luiz Gomes do Amaral, alega
que as decisões do CNS têm sido tomadas por meio de manobras políticas, e não baseadas
em critérios técnicos. "Não é
correto disputar uma vaga com
outras profissões. Cada uma
tem as suas especificidades."
Para ele, um conselho nacional de saúde sem as entidades
médicas é "um atentado contra
a saúde dos cidadãos".
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