São Paulo, terça-feira, 13 de janeiro de 2004

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SEGURANÇA

Presos exigem dinheiro para não sequestrar familiares

Detentos do Rio fazem ameaça por telefone a empresários paulistas

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Centenas de empresários de São Paulo de diferentes segmentos na capital paulista, no litoral e no interior são alvos desde o ano passado de tentativas de extorsão por meio de ligações telefônicas efetuadas de celulares do interior de presídios do Rio de Janeiro.
O "modus operandi" é simples. Por meio de telefonemas, detentos exigem do empresário o depósito de determinada quantia em uma conta bancária ou a compra de cartões telefônicos para celulares pré-pagos, sob a ameaça de terem o patrimônio depredado ou um familiar sequestrado. Não há informação de casos em que a ameaça tenha se consumado.
Os casos envolvem estabelecimentos comerciais, hotéis, transportadoras e empresas de outros setores. A assessoria da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo não soube determinar quantos inquéritos estão em andamento no Estado, mas informou que são "muitos". Cada caso particular está sob investigação no distrito em que a queixa foi registrada. A apuração de caráter mais geral é feita pelas delegacias especializadas.
O assessor de segurança da Fetcesp (Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de São Paulo), Paulo Roberto de Souza, coronel da reserva do Exército, diz que, desde agosto passado, mais de 50 empresas do setor receberam ligações, que partiram de ao menos 15 celulares.
Segundo ele, nos casos nos quais se identificou a procedência da chamada, o número foi repassado à Secretaria de Segurança do Rio. Também foram informados os números das contas bancárias nas quais foram solicitados os depósitos. "Os detentores das contas correntes eram familiares ou pessoas que tinham ligação com presos", afirmou Souza.
A assessoria da Polícia Civil do Rio informou que as ameaças foram feitas do interior de presídios cariocas para várias partes do país. Nos casos identificados, diz a assessoria, os celulares foram rastreados por autorização judicial e os responsáveis, indiciados em inquérito por crime de extorsão.
Quando as ameaças começaram, a quantia exigida chegava a R$ 50 mil, depois baixou para menos de R$ 10 mil, diz Marcelo Marques da Rocha, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Litoral Paulista.


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