São Paulo, sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

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SEGURANÇA SOB AMEAÇA

Abreu Filho disse que a polícia está em alerta máximo; policiais em férias foram convocados

"Agora é que vamos caçá-los", diz secretário

Fernando Donasci/Folha Imagem
Base da Polícia Militar no Morumbi (zona oeste) atingida por tiros durante a madrugada de ontem


DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"


O secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, afirmou que a polícia está em "alerta máximo" depois dos atentados. "Não existe lógica nesse tipo de ação. O criminoso quer roubar, seqüestrar, cometer crimes e cair fora da polícia. Nós vamos pegar. [Os criminosos] serão presos e, se reagirem, como na outra vez, muitos acabarão mortos", afirmou ontem à TV Globo.
"Vamos partir para uma verdadeira caçada a esse pessoal. Já temos bons indícios. E, olha, nós vamos pegar. Retaliação contra a polícia vai só piorar a situação deles. Agora é que nós vamos caçá-los. Não há hipótese de esse pessoal sair livre", afirmou Abreu, também à emissora de televisão.
No final da tarde, porém, em outra entrevista, o secretário adotou um discurso mais moderado. "É a mesma postura de sempre", disse, ao ser questionado se a polícia iria adotar uma postura mais agressiva a partir dos atentados.
Segundo ele, os criminosos estão cometendo atos suicidas. "Toda vez que foi para esse tipo de ato tresloucado, essa coisa quase suicida, morreu gente [criminosos]. Teve gente que atacou PM de frente, você quer coisa mais louca. Evidente que vai morrer. Não há hipótese de a polícia perder essa guerra", afirmou o secretário.
Nas medidas adotadas a partir dos atentados, Abreu disse que parte da PM passará a usar "armamento diferenciado", como submetralhadoras e fuzis. Normalmente, os policiais utilizam pistolas .40 e revólveres calibre 38.
Outra medida anunciada pelo secretário é a suspensão temporária do policiamento integrado -um PM por carro, que trabalha em comunicação com outros setores da polícia. Além disso, todos os policiais em férias foram convocados a voltar a trabalhar.
Ontem à noite, na avenida Paulista (centro), por exemplo, o número de policiais nas bases já era maior, com as armas à mostra.
Para ele, os atentados tiveram o objeto de chamar a atenção e aumentar o sentimento de insegurança.
Depois dos atentados de 2003, Abreu Filho disse que cerca de 100 pessoas envolvidas foram presas. Questionado sobre o fato de essas operações não terem evitado novos ataques, ele afirmou que as quadrilhas se renovaram.
"O PCC é uma cooperativa e os bandidos são os cooperados. Ora estão aqui, ora estão lá. Eles não têm o poder de fogo que dizem que têm. Mas [o poder] dentro dos presídios, não cabe a mim dizer", afirmou Abreu Filho.
Segundo a investigação da polícia, a quadrilha responsável pelos atentados seria formada por alguns "pilotos" -na hierarquia do PCC, seriam líderes responsáveis por presídios ou áreas de atuação no lado de fora da cadeia.
Esse grupo teria ligação com suspeitos presos na tentativa frustrada de resgate no complexo penitenciário de Presidente Bernardes e com traficantes presos nesta semana na Baixada Santista -o PCC domina o tráfico de drogas nessa região.
Abreu Filho acredita que os dois episódios motivaram os atentados. Mas ele descarta que o isolamento de líderes do PCC no castigo depois da descoberta do plano de resgate também tenha sido uma das razões dos ataques.
"Esse tipo de isolamento é muito singelo. Não é solitária como no RDD [Regime Disciplinar Diferenciado] de Presidente Bernardes", disse. O comando do PCC, que ficou no RDD do Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes, voltou para presídios normais, nos quais as normas são menos rígidas.


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