|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CARNAVAL
Modelos se submetem a operações para conquistar lugar de destaque nos desfiles
Disputa por espaço em escolas
inclui até a retirada de costela
ALEXANDRE MARON
da Sucursal do Rio
A proximidade do Carnaval
aquece a disputa por espaço nas
escolas de samba entre as modelos, atrizes, dançarinas, socialites
e celebridades. Na busca pela fama, essas mulheres usam desde as
cirurgias plásticas mais comuns
até a retirada de partes do corpo.
É o que Rosane Braga, 26, diz
que fez. Ela afirma que se submeteu a uma cirurgia para retirar a
12ª costela e reduzir a sua cintura
de 72 cm para 66 cm. O custo total
da extravagância: R$ 15 mil.
Mas Rosane não parou por aí,
fez também uma lipoescultura
(que molda as curvas da cintura e
dos quadris), uma lipoaspiração
(para tirar gordura da barriga),
uma cirurgia para corrigir o nariz
e colocou próteses nos seios.
"Meu sonho é ficar com um corpo
parecido com o da Barbie."
Depois de tanto esforço, será a
madrinha da ala formada por deficientes físicos "Liberdade para
as Borboletas", da escola de samba Tradição. Aparecerá também
como a sereia da Vila Isabel. Essas
escolas são do Grupo Especial.
Rosane não é a única que fez sacrifícios para estar bonita no Carnaval. Janaína Guerra, 23, é outra
modelo que se submeteu a operações plásticas. Ela gastou R$ 5.000
para tirar 1.700 ml de gordura da
barriga e, aproveitando a anestesia, resolveu mudar o nariz.
Janaína é a capa da revista masculina "Ele & Ela" deste mês e foi
a dançarina da vinheta de Carnaval da Manchete em 1995.
Modelos que desfilam em várias
escolas em busca de fama incomodam os integrantes dessas
agremiações, que dizem não gostar de vê-las se aproveitando do
Carnaval para se promover.
"São umas "malas". Só lembram das escolas na época do
Carnaval e só querem aparecer à
nossa custa", diz o presidente da
Imperatriz Leopoldinense, Wagner Tavares de Araújo.
O assédio das modelos para tentar conseguir o que querem se tornou motivo de piadas. "Quando
estão faltando dez dias para o desfile, eu viro o Leonardo Di Caprio", conta o diretor social da
Acadêmicos do Salgueiro, Dionizio da Costa Mendes, 30. "A gente
não é de ferro, às vezes aproveita
mesmo", revela.
Um dos lugares mais cobiçados
é o de madrinha da bateria. A ex-modelo Luíza Brunet, 37, que está
na Imperatriz Leopoldinense há
seis anos, conta que é comum
modelos procurarem o presidente da escola querendo o seu lugar.
"As mocinhas querem se exibir
para arrumar um príncipe ou um
papel na novela das oito. Estão
obcecadas pela fama."
Monique Evans, outra ex-modelo, desfilou por mais de dez
anos e diz que cansou do Carnaval. "Você malha durante meses
para ficar com o corpo perfeito e
as pessoas notam uns defeitos mínimos".
Mas não são só as modelos que
precisam das escolas. As agremiações também costumam convidar
celebridades para tentar emplacar
algumas fotos. Desde o dia, no fim
de janeiro, em que foi presa por
estar na praia com os seios à mostra, Rosemeri Moura da Costa, 34,
se tornou uma espécie de musa do
topless no verão carioca.
"Recebi um convite para desfilar na Acadêmicos do Cubango,
no sábado. É o máximo ficar tão
famosa de repente. Já disse ao
meu marido que, se eu estiver sonhando, é para ele não me acordar", conta Rosemeri.
Texto Anterior: Memória: Emílio Ribas faz projeto de recuperação Próximo Texto: Passista se queixa de oportunistas Índice
|