São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2000


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Paciente cansa do tratamento

especial para a Folha


O tratamento da tuberculose multirresistente dura cerca de 18 meses. O paciente recebe alta quando os exames de cultura do bacilo se tornam negativos.
As medicações escolhidas variam conforme o paciente e a sensibilidade do bacilo encontrado. Frequentemente os doentes de tuberculose multirresistente tomam mais remédios que os portadores da doença tradicional.
M.R.A., 21, paciente do ambulatório de tuberculose do Hospital das Clínicas, começou a apresentar os sintomas da doença em outubro de 1996. No pronto-socorro em que foi atendido, em Guaianazes, a tosse prolongada foi confundida com uma crise de asma.
"Eu tenho bronquite desde criança. Ia muitas vezes ao pronto-socorro para fazer inalação. Só descobriram que eu estava com tuberculose em março de 1997." Depois de quatro meses de tratamento, os sintomas não desapareceram. Ele continuava tossindo, emagrecendo e com febre diária. Foi encaminhado ao HC, onde se confirmou a infecção por bacilos multirresistentes.
M. recebeu diversas medicações. "Você vai tomando remédio, tomando, tomando... e não vê melhora. Cheguei a tomar dez comprimidos por dia, sem contar as injeções de estreptomicina."
Ele ainda não recebeu alta do tratamento, mas já se sente bem melhor. "Meu sonho é voltar a trabalhar. Também quero praticar esportes, gostaria de fazer natação. Essa doença só trouxe tristeza e choro. Graças a Deus, não passei para ninguém da família."
Nélson Ferreira de Carvalho, 58, professor de filosofia do direito na USP, diz que "não sabia que seria uma experiência tão penosa" ter tuberculose.
Os sintomas de Carvalho começaram em outubro de 1997. O diagnóstico foi precoce e ele iniciou o tratamento 15 dias após a primeira consulta.
Após melhora inicial, houve estagnação. "Fiquei um ano em tratamento sem progressos", afirma. Em fevereiro de 1999, quando ainda era paciente do Instituto Clemente Ferreira, foi confirmado o diagnóstico de tuberculose multirresistente. Carvalho procurou o Hospital das Clínicas.
"Cheguei a emagrecer 10 kg em um mês. Tinha muitas náuseas por causa da medicação", disse. Mas a consequência mais grave da doença foi outra."Passei por uma forte inibição social. Não permitia visitas e me retraí."


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