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Paciente cansa do tratamento
especial para a Folha
O tratamento da tuberculose
multirresistente dura cerca de 18
meses. O paciente recebe alta
quando os exames de cultura do
bacilo se tornam negativos.
As medicações escolhidas variam conforme o paciente e a sensibilidade do bacilo encontrado.
Frequentemente os doentes de tuberculose multirresistente tomam mais remédios que os portadores da doença tradicional.
M.R.A., 21, paciente do ambulatório de tuberculose do Hospital
das Clínicas, começou a apresentar os sintomas da doença em outubro de 1996. No pronto-socorro
em que foi atendido, em Guaianazes, a tosse prolongada foi confundida com uma crise de asma.
"Eu tenho bronquite desde
criança. Ia muitas vezes ao pronto-socorro para fazer inalação. Só
descobriram que eu estava com
tuberculose em março de 1997."
Depois de quatro meses de tratamento, os sintomas não desapareceram. Ele continuava tossindo,
emagrecendo e com febre diária.
Foi encaminhado ao HC, onde se
confirmou a infecção por bacilos
multirresistentes.
M. recebeu diversas medicações. "Você vai tomando remédio, tomando, tomando... e não
vê melhora. Cheguei a tomar dez
comprimidos por dia, sem contar
as injeções de estreptomicina."
Ele ainda não recebeu alta do
tratamento, mas já se sente bem
melhor. "Meu sonho é voltar a
trabalhar. Também quero praticar esportes, gostaria de fazer natação. Essa doença só trouxe tristeza e choro. Graças a Deus, não
passei para ninguém da família."
Nélson Ferreira de Carvalho, 58,
professor de filosofia do direito na
USP, diz que "não sabia que seria
uma experiência tão penosa" ter
tuberculose.
Os sintomas de Carvalho começaram em outubro de 1997. O
diagnóstico foi precoce e ele iniciou o tratamento 15 dias após a
primeira consulta.
Após melhora inicial, houve estagnação. "Fiquei um ano em tratamento sem progressos", afirma.
Em fevereiro de 1999, quando ainda era paciente do Instituto Clemente Ferreira, foi confirmado o
diagnóstico de tuberculose multirresistente. Carvalho procurou o
Hospital das Clínicas.
"Cheguei a emagrecer 10 kg em
um mês. Tinha muitas náuseas
por causa da medicação", disse.
Mas a consequência mais grave
da doença foi outra."Passei por
uma forte inibição social. Não
permitia visitas e me retraí."
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