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CASO PEDRINHO
Delegado usou bituca de cigarro para provar que Francisca da Silva é a verdadeira mãe; para polícia, teste é legítimo
DNA revela que Roberta não é filha de Vilma
Wildes Barbosa/"Diário da Manhã"
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Francisca Maria Ribeiro da Silva recebe o resultado do exame de DNA que a aponta como mãe biológica de Roberta |
ADRIANA CHAVES
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA
Um exame de DNA, feito sem o
consentimento de Roberta Jamilly Martins Borges, 23, provou,
segundo a polícia, que ela não é filha natural de Vilma Martins Costa, 47, mulher acusada de levar o
hoje adolescente Pedrinho -registrado como Osvaldo Martins
Borges Júnior- de uma maternidade, em 1986.
A prova laboratorial foi apresentada ontem pelo delegado Antônio Gonçalves, da Deic (Delegacia de Investigações Criminais),
em Goiânia. Segundo a polícia,
Roberta é, na verdade, Aparecida
Fernanda Ribeiro da Silva, filha
de Francisca Maria Ribeiro da Silva, 63, que em 1979 teve o bebê sequestrado de uma maternidade.
Por meio de uma bituca de cigarro deixada por Roberta no lixo
da delegacia, em janeiro deste
ano, os peritos conseguiram isolar a saliva da jovem e fazer o exame. Os policiais tiveram ajuda de
especialistas em genética e do Instituto de Pesquisa de DNA Forense, da Polícia Civil de Brasília.
"Tínhamos várias estratégias
preparadas, uma vez que a Roberta se recusava a fazer o exame. A
forma que utilizamos foi pegar
material descartado por ela, o que
é inteiramente legítimo e legal",
afirmou o delegado Gonçalves.
Desde o ano passado, a Deic estava levantando provas de que
Roberta não seria filha de Vilma
Martins. A irmã de Vilma, Guiomar Costa -a mesma que denunciou o caso Pedrinho-, havia levantado a hipótese de a jovem também ter sido sequestrada
quando bebê.
A polícia já havia descoberto
que Roberta tinha sido registrada
16 anos depois de seu nascimento,
no município de Itaguari (90 km
de Goiânia), e levantado várias semelhanças comparando o retrato
da jovem com o de Francisca,
quando tinha a mesma idade.
Um mandado de busca e
apreensão para coletar objetos
pessoais de Roberta que pudessem conter algum tipo de material
para fazer o DNA foi encaminhado à Justiça, mas, após o "sucesso" com o cigarro, foi revogado.
Gustavo de Carvalho Dalton, diretor do instituto onde foi feito o
exame, disse que a confiabilidade
do procedimento é "total".
A polícia de Goiânia considera
concluídas duas fases do inquérito que investiga o sumiço de Roberta da maternidade: a que provaria que ela não seria filha de Vilma e a que provaria que a jovem é
filha de Francisca. A terceira parte
da investigação é descobrir quem
retirou Roberta da maternidade.
Vilma poderá não responder
pelo crime de subtração de menor, pois já estaria prescrito. Para
o delegado Gonçalves, ela poderá
ser indiciada por registro de filho
alheio como próprio, com pena
máxima de seis anos de prisão.
A polícia decidiu desarquivar o
processo de desaparecimento do
bebê de Francisca durante as investigações sobre o sequestro de
Pedrinho, levado do hospital Santa Lúcia, em Brasília, em 1986.
Filho natural de Jayro Tapajós
Braule Pinto e Maria Auxiliadora
Braule, o garoto foi registrado em
Goiânia por Vilma Martins e seu
marido, Osvaldo Borges, morto
em outubro do ano passado.
Vilma foi denunciada à Justiça
de Brasília no final de novembro,
depois que a mãe biológica de Pedrinho a reconheceu como a mulher que levou o bebê do hospital.
Comemoração
Francisca Maria Ribeiro da Silva
comemorou com choro e alegria a
divulgação do resultado de DNA
que, segundo a polícia, confirmou
que Roberta Jamilly é sua filha.
"Estou feliz demais e muito
emocionada. Não tenho nem como explicar o que estou sentindo", declarou Francisca, que recebeu do delegado Antônio Gonçalves uma cópia do exame de DNA.
Sobre Vilma Martins, Francisca
disse que não vai entender nunca
o que ela fez. Ela disse que pretende deixar para Roberta a iniciativa
de uma aproximação. "Eu a receberei de braços abertos. Espero
que um dia ela possa me dar um
abraço. Então, vou dizer: minha
filha, eu te encontrei."
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