São Paulo, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004

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SAÚDE

Paciente à espera de medula óssea poderá consultar dados a partir de maio; medida tenta dar transparência ao processo

Internet informará sobre fila de transplante

LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após acusações de tentativa de favorecimento na fila de transplante de medula óssea, o Ministério da Saúde anunciou um sistema que promete maior transparência. Pacientes, médicos e centros terão acesso às informações pela internet.
Em janeiro, o então diretor do centro de transplantes do (Inca) Instituto Nacional de Câncer, Daniel Tabak, pediu demissão acusando José Alencar, vice-presidente da República, e o ministro Humberto Costa (Saúde) de fazer pressão política para beneficiar pacientes que estão na fila de transplantes de medula óssea. Uma comissão investiga o caso.
Atualmente, apenas o Cemo (Centro Nacional de Medula Óssea) tem acesso às informações de pacientes e de doadores. A partir de maio, esses dados estarão disponíveis a médicos, hospitais e pessoas envolvidas no processo. O paciente poderá acompanhar passo a passo a sua situação. "É um meio transparente que impossibilitará qualquer tipo de fraude", afirmou Costa.
Além disso, o Ministério da Saúde aplicará R$ 25 milhões na busca de medulas compatíveis em bancos nacionais e internacionais. Hoje, há uma lista de 600 pessoas que aguardam doadores, segundo o ministério.
O ministério quer aumentar o número de doadores capacitando hemocentros para fazer a análise de compatibilidade. Vai convidar os doadores regulares de sangue (estimados em 1 milhão) a serem fornecedores de material de medula. Há no país 40 mil doadores -seriam necessários 360 mil.
Para ser doador, basta tirar uma amostra de sangue. Se for compatível, a cirurgia para retirar 10% da medula da bacia dura um dia e não tem efeitos colaterais. "No dia seguinte, a pessoa pode voltar a trabalhar", afirma José Gomes Temporão, presidente do Inca.
O governo também quer aumentar o número de centros que fazem o transplante -há cinco para doações entre não-parentes.
A falta de um centro em Anápolis (GO) fez a família de Valquíria Zuccon Lemes Barros, 54, mudar para Curitiba (PR). Duas de suas quatro filhas ficaram doentes. A primeira buscou por quatro anos um doador. Quando foi encontrado, a transfusão foi considerada de alto risco. A filha, então com 18 anos, optou por usar alguns remédios, mas morreu dois anos depois. Hoje, a outra filha, de 13 anos, aguarda autorização para a transfusão.
Informações sobre doações e locais pelo telefone 0800-611997.


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