São Paulo, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004

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CASO CELOBAR

Polícia também pediu prisão preventiva

Indiciados diretor e funcionários do laboratório Enila por morte em GO

ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA

A Polícia Civil de Goiás indiciou ontem o diretor e três funcionários do laboratório Enila, fabricante do Celobar, por uma das mortes provocadas pelo medicamento, usado como contraste em radiografias. Foi o primeiro inquérito concluído do caso.
Na denúncia, encaminhada ao Fórum de Goiânia, o diretor-presidente do Enila, Márcio D'Icarahi, o químico responsável pelo laboratório, Antônio Carlos Fonseca, a farmacêutica Márcia Fernandes e o químico Vagner Teixeira responderão pela morte da cabeleireira Aldenora Izídio da Silva, 56, ocorrida em maio de 2003.
Segundo o delegado titular da 4ª Delegacia de Polícia de Goiânia, Carlos Fernandes de Araújo, os quatro foram indiciados com base nos artigos 273 (adulteração de produto para fins farmacêuticos) e 258 (agravante de morte) do Código Penal. O crime é considerado hediondo e a pena pode chegar a 30 anos de detenção.
O delegado pediu também a prisão preventiva dos acusados. Além de Aldenora Silva, primeira vítima a ter o corpo exumado, existem inquéritos já instaurados para apurar a morte de outras oito pessoas no Estado. "Nos nove casos, os laudos comprovaram que a ingestão de bário, presente no Celobar, provocou as mortes. Os responsáveis pelo Enila admitiram que o lote [30400 68] estava impróprio", disse Araújo.
Para o delegado, os acusados não reexaminaram o produto antes de colocá-lo no mercado "apenas para obter lucro". "Foram comprados 600 kg de carbonato de bário [usado em raticidas] para ser transformados em sulfato de bário [princípio ativo]."

Seqüelas
A Superintendência da Vigilância Sanitária e Ambiental de Goiás calcula que mais de 170 pessoas tenham tido problemas de saúde após ingerir o lote impróprio. No país, as mortes podem chegar a 21. "Os sintomas mais comuns são distúrbios neurológicos, principalmente dor de cabeça, diarréias, náuseas, abdômen volumoso, mal-estar, fraqueza e cansaço", disse a epidemiologista do CIT (Centro de Informação Toxicológica) do órgão, Hebe Macedo.
O funcionário público Hélio Amador Rodrigues, 51, é um dos que tem seqüelas. Ele ingeriu Celobar para fazer um raio-X do tórax. "Tenho dor de cabeça com muita freqüência. Não era assim. Depois de tomar o contraste, tive diarréia, moleza no corpo, vômitos e fraqueza."
Os Ministérios Públicos de Goiás e do Rio -onde fica a sede do Enila- aguardam os laudos para requererem indenizações.


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