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CASO CELOBAR
Polícia também pediu prisão preventiva
Indiciados diretor e funcionários do laboratório Enila por morte em GO
ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA
A Polícia Civil de Goiás indiciou
ontem o diretor e três funcionários do laboratório Enila, fabricante do Celobar, por uma das
mortes provocadas pelo medicamento, usado como contraste em
radiografias. Foi o primeiro inquérito concluído do caso.
Na denúncia, encaminhada ao
Fórum de Goiânia, o diretor-presidente do Enila, Márcio D'Icarahi, o químico responsável pelo laboratório, Antônio Carlos Fonseca, a farmacêutica Márcia Fernandes e o químico Vagner Teixeira
responderão pela morte da cabeleireira Aldenora Izídio da Silva,
56, ocorrida em maio de 2003.
Segundo o delegado titular da 4ª
Delegacia de Polícia de Goiânia,
Carlos Fernandes de Araújo, os
quatro foram indiciados com base nos artigos 273 (adulteração de
produto para fins farmacêuticos)
e 258 (agravante de morte) do Código Penal. O crime é considerado
hediondo e a pena pode chegar a
30 anos de detenção.
O delegado pediu também a prisão preventiva dos acusados.
Além de Aldenora Silva, primeira
vítima a ter o corpo exumado,
existem inquéritos já instaurados
para apurar a morte de outras oito
pessoas no Estado. "Nos nove casos, os laudos comprovaram que
a ingestão de bário, presente no
Celobar, provocou as mortes. Os
responsáveis pelo Enila admitiram que o lote [30400 68] estava
impróprio", disse Araújo.
Para o delegado, os acusados
não reexaminaram o produto antes de colocá-lo no mercado "apenas para obter lucro". "Foram
comprados 600 kg de carbonato
de bário [usado em raticidas] para ser transformados em sulfato
de bário [princípio ativo]."
Seqüelas
A Superintendência da Vigilância Sanitária e Ambiental de Goiás
calcula que mais de 170 pessoas
tenham tido problemas de saúde
após ingerir o lote impróprio. No
país, as mortes podem chegar a
21. "Os sintomas mais comuns
são distúrbios neurológicos, principalmente dor de cabeça, diarréias, náuseas, abdômen volumoso, mal-estar, fraqueza e cansaço", disse a epidemiologista do
CIT (Centro de Informação Toxicológica) do órgão, Hebe Macedo.
O funcionário público Hélio
Amador Rodrigues, 51, é um dos
que tem seqüelas. Ele ingeriu Celobar para fazer um raio-X do tórax. "Tenho dor de cabeça com
muita freqüência. Não era assim.
Depois de tomar o contraste, tive
diarréia, moleza no corpo, vômitos e fraqueza."
Os Ministérios Públicos de
Goiás e do Rio -onde fica a sede
do Enila- aguardam os laudos
para requererem indenizações.
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