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INFÂNCIA
Durante o vôo, menino dormiu e jogou videogame; em São Paulo, ganhou camiseta do Grêmio
Iruan desembarca no Brasil com presentes para a família gaúcha
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Após uma disputa judicial que
durou três anos, o menino Iruan
Ergui Wu, 8, chegou ontem ao
Brasil. Ele desembarcou às 16h30
no aeroporto de Guarulhos, em
São Paulo, acompanhado da tia
com quem morava em Taiwan, de
uma tradutora, do diplomata
Paulo Antônio Pereira Pinto,
além de um assessor parlamentar
e de dois advogados taiwaneses.
Durante a viagem de mais de 30
horas, o menino dormiu na maior
parte do tempo e jogou videogame. Em Hong Kong, onde esperou durante cerca de nove horas o
vôo para a África do Sul, Iruan
comprou vários cartuchos de jogos eletrônicos, além de presentes
para a avó e o irmão, que moram
em Canoas, região metropolitana
de Porto Alegre.
Familiares de Iruan em Hong
Kong enviaram chocolates e caixas de chá para a família brasileira
do menino. Em São Paulo, ele ganhou de presente uma camisa do
Grêmio, time para o qual torce.
Faixas de boas-vindas espalhadas pelas ruas do município de
Canoas, na região metropolitana
de Porto Alegre (RS), refletiam a
expectativa dos moradores da cidade pela chegada de Iruan.
A chegada de Iruan ao aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre,
estava prevista para as 22h. Rosa
Leocádia Silva Ergui, 51, avó de
Iruan, passou o dia de ontem na
cozinha preparando brigadeiros e
bolinhos de arroz para receber o
neto. O resto da família, cerca de
20 pessoas, se ocupava em encher
bexigas e pendurar faixas e bandeiras do Brasil e do Grêmio para
a festa que fariam à noite com a
chegada do menino.
"Será uma grande comemoração para compensar os três últimos aniversários que ele passou
longe", disse Adir Ferreira, tio de
Iruan. "Chegamos a pensar que
este momento nunca aconteceria." O meio-irmão de Iruan, João
Mauro Ergui, 13, estava eufórico.
"Domingo vamos levá-lo ao jogo
do Grêmio no estádio Beira-Rio.
Ele adora futebol. Foi muito estranho ficar longe dele tanto tempo."
A rua onde fica a casa da família
Ergui, no bairro Cinco Colônias,
foi interditada pela Brigada Militar. "Vamos controlar o acesso à
rua para evitar tumulto sobre o
garoto. Só entram moradores e
pessoas autorizadas pela família",
disse o capitão Paulo Nascimento,
responsável pela operação.
Taiwan
Iruan foi levado para Taiwan
pelo pai, o marinheiro Teng-Shu
Wu, em março de 2001 para conhecer os parentes. Uma semana
depois de chegar à ilha, Wu morreu, segundo a família, de um ataque cardíaco fulminante.
Iruan ficou então sob cuidados
do tio, Huer Eam Wu, que se negou a devolvê-lo para a avó brasileira, Rosa Ergui, que tem a guarda legal do menino desde a morte
da mãe dele, em 1998. Tatiana Ergui, a mãe, morreu de leucemia.
"Antes de morrer, Tatiana pediu à mãe que não cortasse o vínculo de menino com o pai. Então,
eles sempre tiveram um bom relacionamento", afirmou Adir Ferreira, tio do menino.
Segundo ele, ela tinha essa preocupação porque João Mauro [seu
outro filho] cresceu sem o pai, que
morreu em um assalto enquanto
ela estava grávida.
A justificativa da família taiwanesa para manter o garoto, segundo Ferreira, era seguir a tradição
do país. "Diziam que o filho homem deveria ficar com a família
paterna por ser o reprodutor e dar
continuidade ao sobrenome."
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