São Paulo, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004

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INFÂNCIA

Durante o vôo, menino dormiu e jogou videogame; em São Paulo, ganhou camiseta do Grêmio

Iruan desembarca no Brasil com presentes para a família gaúcha

DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Após uma disputa judicial que durou três anos, o menino Iruan Ergui Wu, 8, chegou ontem ao Brasil. Ele desembarcou às 16h30 no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, acompanhado da tia com quem morava em Taiwan, de uma tradutora, do diplomata Paulo Antônio Pereira Pinto, além de um assessor parlamentar e de dois advogados taiwaneses.
Durante a viagem de mais de 30 horas, o menino dormiu na maior parte do tempo e jogou videogame. Em Hong Kong, onde esperou durante cerca de nove horas o vôo para a África do Sul, Iruan comprou vários cartuchos de jogos eletrônicos, além de presentes para a avó e o irmão, que moram em Canoas, região metropolitana de Porto Alegre.
Familiares de Iruan em Hong Kong enviaram chocolates e caixas de chá para a família brasileira do menino. Em São Paulo, ele ganhou de presente uma camisa do Grêmio, time para o qual torce.
Faixas de boas-vindas espalhadas pelas ruas do município de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre (RS), refletiam a expectativa dos moradores da cidade pela chegada de Iruan.
A chegada de Iruan ao aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, estava prevista para as 22h. Rosa Leocádia Silva Ergui, 51, avó de Iruan, passou o dia de ontem na cozinha preparando brigadeiros e bolinhos de arroz para receber o neto. O resto da família, cerca de 20 pessoas, se ocupava em encher bexigas e pendurar faixas e bandeiras do Brasil e do Grêmio para a festa que fariam à noite com a chegada do menino.
"Será uma grande comemoração para compensar os três últimos aniversários que ele passou longe", disse Adir Ferreira, tio de Iruan. "Chegamos a pensar que este momento nunca aconteceria." O meio-irmão de Iruan, João Mauro Ergui, 13, estava eufórico. "Domingo vamos levá-lo ao jogo do Grêmio no estádio Beira-Rio. Ele adora futebol. Foi muito estranho ficar longe dele tanto tempo."
A rua onde fica a casa da família Ergui, no bairro Cinco Colônias, foi interditada pela Brigada Militar. "Vamos controlar o acesso à rua para evitar tumulto sobre o garoto. Só entram moradores e pessoas autorizadas pela família", disse o capitão Paulo Nascimento, responsável pela operação.

Taiwan
Iruan foi levado para Taiwan pelo pai, o marinheiro Teng-Shu Wu, em março de 2001 para conhecer os parentes. Uma semana depois de chegar à ilha, Wu morreu, segundo a família, de um ataque cardíaco fulminante.
Iruan ficou então sob cuidados do tio, Huer Eam Wu, que se negou a devolvê-lo para a avó brasileira, Rosa Ergui, que tem a guarda legal do menino desde a morte da mãe dele, em 1998. Tatiana Ergui, a mãe, morreu de leucemia.
"Antes de morrer, Tatiana pediu à mãe que não cortasse o vínculo de menino com o pai. Então, eles sempre tiveram um bom relacionamento", afirmou Adir Ferreira, tio do menino.
Segundo ele, ela tinha essa preocupação porque João Mauro [seu outro filho] cresceu sem o pai, que morreu em um assalto enquanto ela estava grávida.
A justificativa da família taiwanesa para manter o garoto, segundo Ferreira, era seguir a tradição do país. "Diziam que o filho homem deveria ficar com a família paterna por ser o reprodutor e dar continuidade ao sobrenome."


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