São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

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Vendedor mata detetive contratado pela mulher

Preso diz que só queria dar um "susto" no homem que teria extorquido dinheiro de sua mulher

Juliana, 25, disse que suspeitava ser traída e que o marido soube da extorsão quando ela denunciou o detetive à Polícia Militar

LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O vendedor Luis Fabiano Zerbinatto, 30, foi preso no sábado acusado de matar um detetive particular contratado por sua mulher, que suspeitava ser traída. O detetive Caio Merigui, 31, foi morto com dois tiros na cabeça em um matagal em Mairiporã (Grande SP).
À polícia, o vendedor disse que sua intenção era apenas dar um "susto" no detetive que, após ser contratado pela mulher em 18 de janeiro, teria tentado extorquir dinheiro dela.
Além do vendedor, foram presos o pai dele, Osmarino Sérgio Gonçalves, 48, um amigo Genilson Araújo dos Santos, 33, e a própria mulher de Zerbinatto, Juliana Cristina, 25. Todos, segundo a polícia, tiveram ligação com o crime.
Juliana disse à polícia que desconfiou que o marido a traía e, por isso, contratou os serviços de Merigui. Ela e o vendedor estão juntos há dez anos e têm uma filha de dois.
O detetive passou a seguir Zerbinatto, que trabalha como vendedor na loja Marabrás do shopping Aricanduva (zona leste de SP). Merigui, sempre segundo Juliana, dizia possuir uma lista dos motéis que o marido freqüentava com pelo menos duas amantes.
A partir daí, segundo a versão dela, o detetive exigiu mais dinheiro, afirmando que montaria um flagrante em um motel. Ao todo ela teria pago R$ 2.700.
No dia do flagrante, a mulher saiu com o pretexto de ir a uma festa infantil para que o marido fosse ao motel. O vendedor, porém, ficou em casa aguardando a mulher. A partir disso, Juliana começou a desconfiar do detetive e entregou a ele um cheque sem fundos de R$ 800.
Como o detetive ameaçou protestar o cheque, Juliana pensou que seu marido poderia desconfiar da investigação e disse ter ligado para a Polícia Militar para obter orientação. O marido acabou descobrindo.
Dizendo ter sido pressionada pelo marido, Juliana contou a ele que havia marcado um encontro com o detetive em um supermercado em Jundiaí para trocar o cheque por dinheiro.
Zerbinatto, segundo o delegado Eder Pereira da Silva, do Departamento de Narcóticos (Denarc), decidiu ir ao encontro com o detetive junto com a mulher, o pai e o amigo.
No estacionamento do supermercado Russi, em Jundiaí, Zerbinatto e seu amigo renderam o detetive com uma pistola e o obrigaram a dirigir seu Meriva até um matagal na Estrada do Mato Dentro, em Mairiporã. O pai dele e a mulher teriam seguido os três em um Celta. Segundo a polícia, o detetive devolveu o cheque e teria até oferecido R$ 5 mil para ser libertado, mas a proposta foi recusada.
Zerbinatto disse ao Denarc que, como o detetive insistia em ser colocado no banco de trás, revistou o carro e descobriu uma pistola calibre 380. Afirmou que o detetive pretendia sacar essa arma. O vendedor disse ainda à polícia que queria apenas dar um susto no detetive, deixando-o nu em um matagal. Afirmou também que pediu ao amigo, à mulher e ao pai que fossem embora.
"Fomos no mato, eu e ele [detetive]. Foi uma coisa que não era nem para ter acontecido. Ele chegou até o mato e aí me deu um branco e eu apertei [o gatilho]", disse à reportagem.
Como o detetive não voltou para casa, a mulher procurou a polícia e disse que o marido havia combinado um encontro no supermercado. Por meio das câmeras de vigilância, a polícia achou Juliana.
Zerbinatto disse que não traiu a mulher e que não pretendia matar o detetive. Os quatro foram presos sob acusação de homicídio e formação de quadrilha. Nenhum tinha passagem pela polícia. O advogado da família, Marcos de Souza, disse que apenas Zerbinatto é culpado e que os demais deveriam responder em liberdade.


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