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Vendedor mata detetive contratado pela mulher
Preso diz que só queria dar um "susto" no homem que teria extorquido dinheiro de sua mulher
Juliana, 25, disse que suspeitava ser traída e que o marido soube da extorsão quando ela denunciou o detetive à Polícia Militar
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O vendedor Luis Fabiano
Zerbinatto, 30, foi preso no sábado acusado de matar um detetive particular contratado
por sua mulher, que suspeitava
ser traída. O detetive Caio Merigui, 31, foi morto com dois tiros na cabeça em um matagal
em Mairiporã (Grande SP).
À polícia, o vendedor disse
que sua intenção era apenas
dar um "susto" no detetive que,
após ser contratado pela mulher em 18 de janeiro, teria tentado extorquir dinheiro dela.
Além do vendedor, foram
presos o pai dele, Osmarino
Sérgio Gonçalves, 48, um amigo Genilson Araújo dos Santos,
33, e a própria mulher de Zerbinatto, Juliana Cristina, 25. Todos, segundo a polícia, tiveram
ligação com o crime.
Juliana disse à polícia que
desconfiou que o marido a traía
e, por isso, contratou os serviços de Merigui. Ela e o vendedor estão juntos há dez anos e
têm uma filha de dois.
O detetive passou a seguir
Zerbinatto, que trabalha como
vendedor na loja Marabrás do
shopping Aricanduva (zona leste de SP). Merigui, sempre segundo Juliana, dizia possuir
uma lista dos motéis que o marido freqüentava com pelo menos duas amantes.
A partir daí, segundo a versão
dela, o detetive exigiu mais dinheiro, afirmando que montaria um flagrante em um motel.
Ao todo ela teria pago R$ 2.700.
No dia do flagrante, a mulher
saiu com o pretexto de ir a uma
festa infantil para que o marido
fosse ao motel. O vendedor, porém, ficou em casa aguardando
a mulher. A partir disso, Juliana começou a desconfiar do detetive e entregou a ele um cheque sem fundos de R$ 800.
Como o detetive ameaçou
protestar o cheque, Juliana
pensou que seu marido poderia
desconfiar da investigação e
disse ter ligado para a Polícia
Militar para obter orientação.
O marido acabou descobrindo.
Dizendo ter sido pressionada
pelo marido, Juliana contou a
ele que havia marcado um encontro com o detetive em um
supermercado em Jundiaí para
trocar o cheque por dinheiro.
Zerbinatto, segundo o delegado Eder Pereira da Silva, do
Departamento de Narcóticos
(Denarc), decidiu ir ao encontro com o detetive junto com a
mulher, o pai e o amigo.
No estacionamento do supermercado Russi, em Jundiaí,
Zerbinatto e seu amigo renderam o detetive com uma pistola
e o obrigaram a dirigir seu Meriva até um matagal na Estrada
do Mato Dentro, em Mairiporã.
O pai dele e a mulher teriam seguido os três em um Celta. Segundo a polícia, o detetive devolveu o cheque e teria até oferecido R$ 5 mil para ser libertado, mas a proposta foi recusada.
Zerbinatto disse ao Denarc
que, como o detetive insistia
em ser colocado no banco de
trás, revistou o carro e descobriu uma pistola calibre 380.
Afirmou que o detetive pretendia sacar essa arma. O vendedor disse ainda à polícia que
queria apenas dar um susto no
detetive, deixando-o nu em um
matagal. Afirmou também que
pediu ao amigo, à mulher e ao
pai que fossem embora.
"Fomos no mato, eu e ele [detetive]. Foi uma coisa que não
era nem para ter acontecido.
Ele chegou até o mato e aí me
deu um branco e eu apertei [o
gatilho]", disse à reportagem.
Como o detetive não voltou
para casa, a mulher procurou a
polícia e disse que o marido havia combinado um encontro no
supermercado. Por meio das
câmeras de vigilância, a polícia
achou Juliana.
Zerbinatto disse que não
traiu a mulher e que não pretendia matar o detetive. Os
quatro foram presos sob acusação de homicídio e formação de
quadrilha. Nenhum tinha passagem pela polícia. O advogado
da família, Marcos de Souza,
disse que apenas Zerbinatto é
culpado e que os demais deveriam responder em liberdade.
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