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Para fugir de rodízio, Câmara começa a usar placa especial
Segundo o Detran de SP, o uso da identificação de bronze não foi autorizado
Vereadores justificaram ato como uma "questão de eqüidade", já que carros do TJ e da Assembléia Legislativa têm placas diferenciadas
Rafael Hupsel/Folha Imagem
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Funcionário da Câmara Municipal de São Paulo coloca placa de bronze em carro de vereador
DA REPORTAGEM LOCAL
Em desacordo com a legislação, parte dos vereadores de
São Paulo passou a utilizar nesta semana placas especiais, de
bronze, em seus veículos. O objetivo, admitem os parlamentares, é fugir das multas pelo desrespeito ao rodízio.
Segundo o Detran (Departamento Estadual de Trânsito) de
São Paulo, o uso das placas especiais não foi autorizado. Uma
consulta feita pela Câmara no
final do ano passado, ainda segundo o órgão, foi repassada ao
Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), mas sem
uma resposta até ontem.
Procurado pela Folha, o Denatran informou, de forma genérica, que só poderia autorizar a utilização das placas se
houvesse mudança na legislação -o que não ocorreu.
A Folha pediu à presidência
da Casa uma cópia da autorização para o uso das placas e buscou saber quantos dos 54 vereadores já as adotaram (só o
presidente da Câmara pode,
por lei, ter direito ao benefício).
A assessoria, porém, informou que somente hoje pode
dar uma resposta.
Eqüidade
Mesmo antes da consulta feita ao Detran, os vereadores já
haviam decidido que trocariam
as placas de seus veículos para
burlar o rodízio.
O argumento jurídico usado
pela Câmara é a "questão de
eqüidade", já que os veículos do
Tribunal de Justiça e da Assembléia Legislativa também
utilizam placas diferenciadas
para seus representantes.
No final de 2007, o vereador
Adilson Amadeu (PTB) -indicado à época pela presidência
da Casa para comentar o assunto- disse que a Câmara seguia
uma consulta feita ao especialista Cyro Vidal, que considerava legal esse uso. Para isso, porém, todos os carros alugados
pela Câmara seriam registrados em nome da presidência.
Troca de placas
Para se livrar das restrições
impostas pelo rodízio de veículos, os parlamentares trocaram
a tradicional identificação dos
veículos -modelo Astra-, com
três letras e quatro números, de
cor cinza, pelas de bronze, pretas, com o número do gabinete
e a identificação do Poder Legislativo.
"O parlamentar de São Paulo,
a terceira maior Casa da América Latina, ficar podado de andar num dia de rodízio? O vereador todo dia tem uma solenidade, algum lugar para ir. Você, vereador, ficar parado? Isso
perto dos 5,7 milhões de veículos é um pingo no oceano", argumentou, à época, Amadeu.
Ontem, porém, o vereador
não quis falar com a reportagem. Disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que não
havia "fato novo" na colocação
das placas e, por isso, não tinha
nada a acrescentar em relação
às entrevistas concedidas no
ano passado.
A reportagem solicitou à Câmara que algum vereador comentasse o assunto ontem.
Mas a presidência disse que só
hoje poderia indicar alguém
para dar esses esclarecimentos.
(ROGÉRIO PAGNAN)
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