São Paulo, quarta-feira, 13 de março de 2002

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EVENTO

Congregação Israelita Paulista incentiva participação social e diálogo inter-religioso

Entidade judaica comemora 65 anos

DA REPORTAGEM LOCAL

A CIP (Congregação Israelita Paulista) inicia hoje as comemorações dos seus 65 anos de existência disposta a reforçar o diálogo inter-religioso e estreitar as relações entre a comunidade judaica e os demais segmentos da sociedade.
Com 2.000 famílias associadas (cerca de 8.000 pessoas), a CIP é a maior congregação judaica da América Latina.
"É preciso integrar a comunidade judaica cada vez mais no dia-a-dia do Brasil", diz o rabino Henry Sobel, 58, presidente do rabinato da congregação.
A comemoração começará com um jantar, que acontece hoje, em São Paulo, com a presença de políticos, líderes religiosos e empresários. Confirmaram presença o presidente Fernando Henrique Cardoso, a prefeita Marta Suplicy e o ex-ministro da Saúde e candidato do PSDB à Presidência, José Serra. Dom Gil Antônio Moreira, bispo auxiliar de São Paulo, representará a Igreja Católica. O candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, foi convidado, mas não comparecerá.
Um festival de cultura judaica, entre os dias 17 e 20, dará prosseguimento as comemorações.
Ronaldo Heilbut, 60, presidente da CIP, diz que a participação social é uma característica das comunidades judaicas "liberais", caso da CIP. Essas congregações analisam questões -como a defesa dos direitos humanos e a inclusão social- que ultrapassam a visão do judaísmo mais conservador e favorecem a participação dos seus membros na sociedade.
Um exemplo dessa atitude é o empresário José Mindlin, ex-presidente da Metal Leve e também ex-presidente da CIP. Ele foi um dos empresários que, no final dos anos 80, iniciaram no país a divulgação do conceito de responsabilidade social das empresas.
A CIP se aproximou dos movimentos de direitos humanos em 1975, com a morte do jornalista Wladimir Herzog em uma cela do DOI-Codi, órgão de repressão do regime militar.
Na ocasião, o governo sustentou a versão de que Herzog, um preso político, teria se suicidado. Aceita a explicação, os rabinos da congregação (da qual os Herzog faziam parte) teriam de enterrá-lo na área do cemitério destinada aos que tiram a própria vida.
Sobel não acatou essa versão e enterrou o jornalista na área comum. O assassinato foi confirmado anos depois na Justiça.
Na rotina da congregação o "link" com a sociedade está presente, por exemplo, nos debates mensais, feitos na CIP, com pessoas de fora da comunidade.
O mesmo ocorre com o projeto educacional "Lar das Crianças" -antigo internato dos filhos dos imigrantes alemães que fundaram a CIP. Hoje atende a 89 crianças de várias religiões. O projeto já recebeu duas vezes o prêmio Bem Eficiente, concedido por um grupo de empresas.



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