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CAOS NO RIO
Agente penitenciário e preso foram as vítimas do motim de duas horas, iniciado após tentativa frustrada de fuga
Dois ficam feridos em rebelião em Bangu
TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Um agente penitenciário e um
preso ficaram feridos ontem em
rebelião iniciada após uma tentativa de fuga frustrada no presídio
Bangu 2 (zona oeste do Rio de Janeiro). Por quase duas horas, quatro agentes, funcionários da cantina e familiares de presos foram
feitos reféns. O Estado não informou o número total de reféns.
A rebelião ocorreu um dia após
o secretário de Estado de Administração Penitenciária, Astério
Pereira dos Santos, dizer que, desde o início do ano, "não aconteceu nada nos presídios".
Mas a secretaria não classificou
o episódio como rebelião, mesmo
com os reféns -foi um tumulto e
"início de rebelião". Com 1.024
vagas, Bangu 2 abriga 690 presos
ligados à facção TC (Terceiro Comando), liderada pelo traficante
mais procurado do Rio, Paulo César Silva dos Santos, o Linho.
Segundo o Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário),
o "tumulto" ocorreu quando os
presos estavam no pátio com as
visitas, às 15h30. Mulheres e
crianças, diz o órgão, foram soltas
antes, e oito homens ficaram em
Bangu 2 até acabar o motim.
Segundo uma agente da unidade, havia 114 visitantes. Ela disse à
Folha que alguns presos, com facas e estoques (facas artesanais),
fizeram refém um agente no pátio
e depois tomaram a cantina.
Estilhaços de uma granada de
efeito moral lançada, segundo a
agente, pela polícia feriram o
coordenador de segurança do
complexo penitenciário de Bangu, agente Paulo Roberto Rocha,
no braço direito. Ele passa bem.
Até a conclusão desta edição, o
Desipe não havia divulgado o nome do preso ferido por um tiro de
borracha nas costas.
O complexo de Bangu tem 15
unidades prisionais. Na última rebelião (8 de fevereiro), em Bangu
4, onde há quase 900 presos do
Comando Vermelho, um preso
morreu e um agente ficou ferido.
A rebelião ocorreu em meio a
uma discussão entre Estado e
União para combater o tráfico de
drogas no Rio, que podem incluir
a federalização de presídios. O governo federal quer administrar
Bangu 1 (48 vagas e 39 presos),
mas o Estado quer entregar Bangu 3 -lotado, com 896 presos.
Estava marcada para ontem à
noite uma reunião entre o secretário de Segurança Pública do
Rio, Josias Quintal, e o secretário
nacional de Segurança Pública,
Luiz Eduardo Soares.
Ontem, ainda havia homens das
Forças Armadas em alguns pontos do Rio. Os militares devem
deixar as ruas da cidade amanhã.
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