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São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2003

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CAOS NO RIO

Agente penitenciário e preso foram as vítimas do motim de duas horas, iniciado após tentativa frustrada de fuga

Dois ficam feridos em rebelião em Bangu

TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um agente penitenciário e um preso ficaram feridos ontem em rebelião iniciada após uma tentativa de fuga frustrada no presídio Bangu 2 (zona oeste do Rio de Janeiro). Por quase duas horas, quatro agentes, funcionários da cantina e familiares de presos foram feitos reféns. O Estado não informou o número total de reféns.
A rebelião ocorreu um dia após o secretário de Estado de Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos, dizer que, desde o início do ano, "não aconteceu nada nos presídios".
Mas a secretaria não classificou o episódio como rebelião, mesmo com os reféns -foi um tumulto e "início de rebelião". Com 1.024 vagas, Bangu 2 abriga 690 presos ligados à facção TC (Terceiro Comando), liderada pelo traficante mais procurado do Rio, Paulo César Silva dos Santos, o Linho.
Segundo o Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário), o "tumulto" ocorreu quando os presos estavam no pátio com as visitas, às 15h30. Mulheres e crianças, diz o órgão, foram soltas antes, e oito homens ficaram em Bangu 2 até acabar o motim.
Segundo uma agente da unidade, havia 114 visitantes. Ela disse à Folha que alguns presos, com facas e estoques (facas artesanais), fizeram refém um agente no pátio e depois tomaram a cantina.
Estilhaços de uma granada de efeito moral lançada, segundo a agente, pela polícia feriram o coordenador de segurança do complexo penitenciário de Bangu, agente Paulo Roberto Rocha, no braço direito. Ele passa bem. Até a conclusão desta edição, o Desipe não havia divulgado o nome do preso ferido por um tiro de borracha nas costas.
O complexo de Bangu tem 15 unidades prisionais. Na última rebelião (8 de fevereiro), em Bangu 4, onde há quase 900 presos do Comando Vermelho, um preso morreu e um agente ficou ferido.
A rebelião ocorreu em meio a uma discussão entre Estado e União para combater o tráfico de drogas no Rio, que podem incluir a federalização de presídios. O governo federal quer administrar Bangu 1 (48 vagas e 39 presos), mas o Estado quer entregar Bangu 3 -lotado, com 896 presos.
Estava marcada para ontem à noite uma reunião entre o secretário de Segurança Pública do Rio, Josias Quintal, e o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Eduardo Soares.
Ontem, ainda havia homens das Forças Armadas em alguns pontos do Rio. Os militares devem deixar as ruas da cidade amanhã.


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