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FAB chegou a temer que piloto fosse usar avião em atentado
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O primeiro temor da Aeronáutica ao saber que uma aeronave fora roubada e estava
voando fora de controle foi de
que a intenção de seu piloto
fosse praticar um atentado, um
"11 de Setembro" em Brasília.
O ministro Nelson Jobim
(Defesa) foi imediatamente
avisado, enquanto um caça Mirage decolava da base de Anápolis, para, se fosse o caso, manter o avião afastado e garantir a
segurança do centro da capital.
Pelo procedimento padrão
do Cindacta 1 (Centro Integrado de Defesa e Controle do Tráfego Aéreo), o Mirage sobrevoou os pontos nevrálgicos da
capital da República, definidos
num mapa de segurança nacional. O ponto número um é o Palácio do Planalto. Em nenhum
momento, porém, houve sinais
de que o avião roubado, PT-VFI, se destinava a Brasília.
Enquanto o alvo do Mirage
era o centro do poder, um outro
avião, um T-27 Tucano, decolou da mesma base com a incumbência de seguir o avião
roubado, monitorando sua trajetória e informando o Cindacta 1. Um helicóptero da Polícia
Militar de Goiás também participou da ação, acompanhada
por terra pela Polícia Federal.
Segundo a Aeronáutica, nem
o piloto do Mirage, nem o do
Tucano, nem o do helicóptero,
nem os controladores do Cindacta 1 conseguiram contato
via rádio com o homem que pilotava o avião roubado. Não há
registro de nenhuma fala dele
enquanto voava fora de controle, até cair no estacionamento
de um shopping em Goiânia.
O aeroporto de Goiânia chegou a fechar para pousos e decolagens. Um avião da Gol, que
iria decolar, chegou a arremeter e foi desviado para o aeroporto de Brasília.
A Aeronáutica não confirma
a possibilidade de o Mirage ter
ordem para derrubar a aeronave, mesmo em caso de algum
risco a órgãos públicos da capital. O procedimento, em caso
de alerta máximo, começa com
advertência ao piloto. No caso
de ontem, porém, isso não foi
possível porque não houve sucesso na tentativa de contato.
Em nota, a Aeronáutica informa que as investigações sobre "os fatores que contribuíram para a ocorrência" serão
investigados pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). Aviões pequenos não têm
"caixa preta" com dados de voo
e conversas na cabine.
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