São Paulo, sexta-feira, 13 de março de 2009

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FAB chegou a temer que piloto fosse usar avião em atentado

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

O primeiro temor da Aeronáutica ao saber que uma aeronave fora roubada e estava voando fora de controle foi de que a intenção de seu piloto fosse praticar um atentado, um "11 de Setembro" em Brasília.
O ministro Nelson Jobim (Defesa) foi imediatamente avisado, enquanto um caça Mirage decolava da base de Anápolis, para, se fosse o caso, manter o avião afastado e garantir a segurança do centro da capital.
Pelo procedimento padrão do Cindacta 1 (Centro Integrado de Defesa e Controle do Tráfego Aéreo), o Mirage sobrevoou os pontos nevrálgicos da capital da República, definidos num mapa de segurança nacional. O ponto número um é o Palácio do Planalto. Em nenhum momento, porém, houve sinais de que o avião roubado, PT-VFI, se destinava a Brasília.
Enquanto o alvo do Mirage era o centro do poder, um outro avião, um T-27 Tucano, decolou da mesma base com a incumbência de seguir o avião roubado, monitorando sua trajetória e informando o Cindacta 1. Um helicóptero da Polícia Militar de Goiás também participou da ação, acompanhada por terra pela Polícia Federal.
Segundo a Aeronáutica, nem o piloto do Mirage, nem o do Tucano, nem o do helicóptero, nem os controladores do Cindacta 1 conseguiram contato via rádio com o homem que pilotava o avião roubado. Não há registro de nenhuma fala dele enquanto voava fora de controle, até cair no estacionamento de um shopping em Goiânia.
O aeroporto de Goiânia chegou a fechar para pousos e decolagens. Um avião da Gol, que iria decolar, chegou a arremeter e foi desviado para o aeroporto de Brasília.
A Aeronáutica não confirma a possibilidade de o Mirage ter ordem para derrubar a aeronave, mesmo em caso de algum risco a órgãos públicos da capital. O procedimento, em caso de alerta máximo, começa com advertência ao piloto. No caso de ontem, porém, isso não foi possível porque não houve sucesso na tentativa de contato.
Em nota, a Aeronáutica informa que as investigações sobre "os fatores que contribuíram para a ocorrência" serão investigados pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). Aviões pequenos não têm "caixa preta" com dados de voo e conversas na cabine.


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