São Paulo, sábado, 13 de março de 2010

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Ação pede despoluição de rio que suja Leblon

Falha em bomba fez a água do rio Rainha, que recebe esgoto clandestino, ser lançada próximo à praia

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Destino de esgoto não tratado de barracos de favela e casas de classe média da zona sul carioca, o rio Rainha, principal responsável pela poluição da praia do Leblon, tornou-se alvo do Ministério Público do Rio.
No mês passado, a bomba que envia a água poluída ao emissário de Ipanema (bairro vizinho ao Leblon) estourou, provocando o lançamento de esgoto próximo à praia.
O promotor Carlos Frederico Saturnino propôs ação civil pública contra a Cedae, companhia estadual de água e esgotos, e os governos estadual e municipal exigindo a despoluição do curso do rio em até um ano.
A medida é adiada desde 2005, quando começou a discussão sobre os pontos clandestinos de lançamento de esgoto. Segundo levantamento do Inea (Instituto Estadual do Ambiente), eles são hoje 49.
O rio Rainha, de 3,3 km de extensão, nasce num dos picos da serra da Carioca, passa pela favela da Rocinha, pela Gávea -por dentro do campus da PUC-, até desaguar no canal da avenida Visconde de Albuquerque, no Leblon.
Na avaliação do geógrafo Marcelo Motta, da PUC-Rio, muitas vezes a ligação clandestina de esgoto é feita sem o conhecimento do dono do imóvel.
"O esgoto não tem classe social. Há a poluição da favela e de casas de classe média alta. Na Gávea há rede de coleta de esgoto. Mas muitas vezes a obra é malfeita, sem o conhecimento do dono", diz Motta.
Na ação, o promotor pede a apresentação, em um mês, de um cronograma de obras para solucionar o problema em, no máximo, um ano. A rigor, o projeto já existe, mas depende de apoio privado.
Uma empresa de gestão ambiental, apoiada pela Secretaria do Ambiente do Estado, tem um projeto de obras emergenciais ao custo de R$ 5,1 milhões, incluindo o fechamento das ligações clandestinas, educação ambiental e recuperação de áreas degradadas. O cronograma, no entanto, prevê dois anos e meio de trabalho.
Além dos 49 pontos de lançamento clandestino de esgoto, há outros 29 no canal, que desemboca na praia. Antes da urbanização da área, o rio desaguava onde atualmente é o bairro da Gávea, formando um brejo. As águas eram drenadas naturalmente para a lagoa Rodrigo de Freitas.
Após a ocupação da região, o rio, canalizado, passou a desembocar no canal do Leblon, indo em direção à praia. Quando está seco, a água é retida numa comporta perto da costa e bombeada, sem tratamento, ao emissário de Ipanema.
O principal problema ocorre em dias de chuva. Nesses casos, a comporta precisa ser aberta para evitar o alagamento das vias próximas ao canal, lançando toda a água suja no mar.
A Cedae informou que pretende ampliar a rede coletora legal de esgoto da região. Pretende realizar nos próximos seis meses um novo mapeamento para checar os pontos de esgoto clandestino. Toda a obra deve durar um ano e meio.


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