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Ação pede despoluição de rio que suja Leblon
Falha em bomba fez a água do rio Rainha, que recebe esgoto clandestino, ser lançada próximo à praia
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Destino de esgoto não tratado de barracos de favela e casas
de classe média da zona sul carioca, o rio Rainha, principal
responsável pela poluição da
praia do Leblon, tornou-se alvo
do Ministério Público do Rio.
No mês passado, a bomba
que envia a água poluída ao
emissário de Ipanema (bairro
vizinho ao Leblon) estourou,
provocando o lançamento de
esgoto próximo à praia.
O promotor Carlos Frederico
Saturnino propôs ação civil pública contra a Cedae, companhia estadual de água e esgotos,
e os governos estadual e municipal exigindo a despoluição do
curso do rio em até um ano.
A medida é adiada desde
2005, quando começou a discussão sobre os pontos clandestinos de lançamento de esgoto. Segundo levantamento
do Inea (Instituto Estadual do
Ambiente), eles são hoje 49.
O rio Rainha, de 3,3 km de extensão, nasce num dos picos da
serra da Carioca, passa pela favela da Rocinha, pela Gávea
-por dentro do campus da
PUC-, até desaguar no canal
da avenida Visconde de Albuquerque, no Leblon.
Na avaliação do geógrafo
Marcelo Motta, da PUC-Rio,
muitas vezes a ligação clandestina de esgoto é feita sem o conhecimento do dono do imóvel.
"O esgoto não tem classe social. Há a poluição da favela e de
casas de classe média alta. Na
Gávea há rede de coleta de esgoto. Mas muitas vezes a obra é
malfeita, sem o conhecimento
do dono", diz Motta.
Na ação, o promotor pede a
apresentação, em um mês, de
um cronograma de obras para
solucionar o problema em, no
máximo, um ano. A rigor, o projeto já existe, mas depende de
apoio privado.
Uma empresa de gestão ambiental, apoiada pela Secretaria
do Ambiente do Estado, tem
um projeto de obras emergenciais ao custo de R$ 5,1 milhões,
incluindo o fechamento das ligações clandestinas, educação
ambiental e recuperação de
áreas degradadas. O cronograma, no entanto, prevê dois anos
e meio de trabalho.
Além dos 49 pontos de lançamento clandestino de esgoto,
há outros 29 no canal, que desemboca na praia. Antes da urbanização da área, o rio desaguava onde atualmente é o
bairro da Gávea, formando um
brejo. As águas eram drenadas
naturalmente para a lagoa Rodrigo de Freitas.
Após a ocupação da região, o
rio, canalizado, passou a desembocar no canal do Leblon,
indo em direção à praia. Quando está seco, a água é retida numa comporta perto da costa e
bombeada, sem tratamento, ao
emissário de Ipanema.
O principal problema ocorre
em dias de chuva. Nesses casos,
a comporta precisa ser aberta
para evitar o alagamento das
vias próximas ao canal, lançando toda a água suja no mar.
A Cedae informou que pretende ampliar a rede coletora
legal de esgoto da região. Pretende realizar nos próximos
seis meses um novo mapeamento para checar os pontos de
esgoto clandestino. Toda a obra
deve durar um ano e meio.
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