São Paulo, domingo, 13 de março de 2011

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Sul tem metade das armas que entraram em circulação no país

Dados se referem aos armamentos adquiridos entre 2008 e 2009; para especialistas, região tem "tradição bélica'

Entidades contrárias e a favor do desarmamento cobram mais clareza do estatuto para a concessão de licenças

GUILHERME VOITCH
DE SÃO PAULO

Metade das armas que entraram em circulação no Brasil entre 2008 e 2009 foi adquirida na região Sul do país.
Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, Estados que, juntos, agregam 14% da população brasileira, registraram 53% do total de armas compradas por civis nesse período, o equivalente a 15.238 unidades.
"O Sul tem mais essa tradição bélica, de o dono ver a necessidade de defender sua propriedade", afirma Douglas Saldanha, delegado-chefe do Sinarm (Sistema Nacional de Armas).
De acordo com especialistas, além do aspecto cultural, a proximidade com fábricas de armas e a interpretação que cada superintendência da PF (Polícia Federal) faz do Estatuto do Desarmamento explicam por que esses Estados se armam mais.
"Aqui ninguém olha torto quando você entra numa loja para comprar munição", diz o advogado Cacius Alberto Schuh, 31, morador da cidade gaúcha de Santa Cruz do Sul (distante 150 km de Por- to Alegre).
Nos últimos três anos, Schuh registrou duas cara- binas e uma pistola. "Arma aqui se usa para caça, competição e defesa da propriedade", afirma.

REGRAS CLARAS
O estatuto estabelece uma série de critérios para garantir o direito de compra de uma arma. Um deles é a comprovação de necessidade.
Apesar de sua abrangência nacional, entidades favoráveis e contrárias ao desarmamento cobram a existência de um padrão mais claro na concessão de registros.
"Em alguns Estados, a Polícia Federal está negando a autorização em quase 100% dos casos, um desrespeito à decisão da população no referendo [realizado em 2005, quando se optou por não proibir a venda de armas]", diz Benê Barbosa, presidente do Movimento Viva Brasil.
Para Dênis Mizne, diretor-executivo da ONG Sou da Paz, é preciso que todas as superintendências da Polícia Federal sigam a "rigidez que está prevista no estatuto".

ARSENAIS
Os registros concedidos pela PF e pelo Exército a- pontam a existência de arsenais com fins distintos em cada Estado.
Em São Paulo, 83 mil armas estão registradas por colecionadores e praticantes de tiro esportivo -metade do arsenal do país nessas modalidades. Já no Acre, uma em cada dez casas tem arma para caça de subsistência.


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