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Testemunha reconhece 9 policiais
da Reportagem Local
A testemunha da CPI do Narcotráfico Laércio Cunha (nome fictício) reconheceu 9 dos 15 policiais civis apresentados como suspeitos de cobrar propina para liberar criminosos detidos.
Os suspeitos haviam sido identificados pela Polícia Civil por
meio dos pré-nomes ou apelidos
fornecidos por ele, em depoimento no Rio. Ontem, Cunha ficou
frente a frente de novo com 15 denunciados: não reconheceu quatro e disse que não lembrava o nome de dois deles.
Os policiais entraram em grupos de três e tiveram o nome citado pelo ex-informante.
A maioria deles atua no Depatri
(Departamento de Investigações
sobre Crimes Patrimoniais), considerado o grupo de elite da Polícia Civil para a apuração de roubos a bancos e de cargas.
Cunha disse que vendia informações de criminosos e que chegava a participar de operações, inclusive em outros Estados. Desse
modo, ele teria presenciado as negociatas dos policiais e passou a
ser alvo de ameaças.
Segundo a testemunha, eles cobravam propina para não prender os acusados e ficavam com
parte das mercadorias apreendidas com assaltantes. Ontem à noite, os policiais reconhecidos seriam ouvidos pela CPI.
Cunha é foragido do sistema
prisional de São Paulo, pagou R$
15 mil pela fuga e apresentou aos
deputados uma carteira de identidade falsa que teria sido produzida pelos policiais que ajudava.
Por enquanto, a identidade do
ex-informante é mantida em sigilo pela CPI. A maioria dos policiais citados na lista disse à Corregedoria, na semana retrasada, que
conhecia o ex-informante. Um
deles confirmou a participação
dele em uma ação do Depatri na
Bahia, em 98, que terminou na localização de um desmanche.
Segundo o deputado Moroni
Torgan (PFL-CE), Laércio não é
uma testemunha anônima, o que
torna o reconhecimento importante. "O que resta apurar é por
que eles se conheciam tanto e por
que Laércio teve acesso a tantos
crimes como ele relatou", disse o
deputado Moroni.
Dos 15 policiais apresentados
ontem ao ex-informante, três foram afastados da função provisoriamente, até a conclusão do inquérito. Os outros afastamentos,
de acordo com a Delegacia Geral
de Polícia, dependem das provas
da investigação.
Acareação
Frente a frente com o empresário pernambucano Rinaldo Ferraz, Laércio da Cunha voltou a
afirmar que Ferraz guardava em
casa um arsenal de armas e foi conivente com pelo menos dois assassinatos ocorridos em Pernambuco. O empresário negou as acusações.
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