São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 2000


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Testemunha reconhece 9 policiais

da Reportagem Local

A testemunha da CPI do Narcotráfico Laércio Cunha (nome fictício) reconheceu 9 dos 15 policiais civis apresentados como suspeitos de cobrar propina para liberar criminosos detidos.
Os suspeitos haviam sido identificados pela Polícia Civil por meio dos pré-nomes ou apelidos fornecidos por ele, em depoimento no Rio. Ontem, Cunha ficou frente a frente de novo com 15 denunciados: não reconheceu quatro e disse que não lembrava o nome de dois deles.
Os policiais entraram em grupos de três e tiveram o nome citado pelo ex-informante.
A maioria deles atua no Depatri (Departamento de Investigações sobre Crimes Patrimoniais), considerado o grupo de elite da Polícia Civil para a apuração de roubos a bancos e de cargas.
Cunha disse que vendia informações de criminosos e que chegava a participar de operações, inclusive em outros Estados. Desse modo, ele teria presenciado as negociatas dos policiais e passou a ser alvo de ameaças.
Segundo a testemunha, eles cobravam propina para não prender os acusados e ficavam com parte das mercadorias apreendidas com assaltantes. Ontem à noite, os policiais reconhecidos seriam ouvidos pela CPI.
Cunha é foragido do sistema prisional de São Paulo, pagou R$ 15 mil pela fuga e apresentou aos deputados uma carteira de identidade falsa que teria sido produzida pelos policiais que ajudava.
Por enquanto, a identidade do ex-informante é mantida em sigilo pela CPI. A maioria dos policiais citados na lista disse à Corregedoria, na semana retrasada, que conhecia o ex-informante. Um deles confirmou a participação dele em uma ação do Depatri na Bahia, em 98, que terminou na localização de um desmanche.
Segundo o deputado Moroni Torgan (PFL-CE), Laércio não é uma testemunha anônima, o que torna o reconhecimento importante. "O que resta apurar é por que eles se conheciam tanto e por que Laércio teve acesso a tantos crimes como ele relatou", disse o deputado Moroni.
Dos 15 policiais apresentados ontem ao ex-informante, três foram afastados da função provisoriamente, até a conclusão do inquérito. Os outros afastamentos, de acordo com a Delegacia Geral de Polícia, dependem das provas da investigação.

Acareação
Frente a frente com o empresário pernambucano Rinaldo Ferraz, Laércio da Cunha voltou a afirmar que Ferraz guardava em casa um arsenal de armas e foi conivente com pelo menos dois assassinatos ocorridos em Pernambuco. O empresário negou as acusações.


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