São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 2000


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Empresário leva a deputados relatório de extorsão

RAFAEL GARCIA
da Folha Online

O empresário do setor de informática Wagner Penhalves encaminhou à CPI relatório com denúncias contra policiais do Depatri (Departamento de Investigação sobre Crimes contra o Patrimônio) e da Polícia Civil de Praia Grande (litoral sul de São Paulo).
Entre as principais acusações feitas pelo empresário estão roubo e tentativa de extorsão de dinheiro. Penhalves é investigado sob suspeita de estelionato.
Dois dos policiais denunciados têm nomes que coincidem com os da lista fornecida pelo ex-informante Laércio Cunha (nome falso) à CPI do Narcotráfico, quando ela esteve no Rio.
São os agentes do Depatri Alexandre Francisco Ribeiro da Costa e Marcos Pereira, conhecidos como Farofa e Marcão. Ambos são subordinados do delegado Edson Soares.
Penhalves disse que foi escolhido como vítima de extorsão porque era proprietário de uma empresa com sede no Paraguai, a VIPP Informática. A firma, que importava componentes de computadores e os revendia em Ciudad del Este, foi vendida em 1996.
O empresário conta que foi abordado pelos policiais pela primeira vez em setembro de 1998, quando chegava de viagem, no aeroporto de Guarulhos. Foi detido por Farofa e Marcão sob a alegação de que seu carro, um Mercedes SLK, tinha problemas na documentação.
Após a abordagem, Penhalves foi levado à sede do Depatri, na zona norte de São Paulo, onde lhe foram mostrados documentos da VIPP, que apresentavam supostas irregularidades.
"Os documentos eram da gestão posterior à minha e, ainda assim, não tinham problema. Eles ameaçaram me indiciar e pediram R$ 300 mil para me livrar do processo", disse o empresário.
Penhalves afirmou que se recusou a pagar, mas deu R$ 5.000, posteriormente, para conseguir a liberação de seu carro. Segundo ele, os policiais não voltaram a mencionar problemas com o veículo, mas ameaçaram criar entraves burocráticos para retê-lo no pátio do Depatri.
Após o ocorrido, foi instaurado inquérito criminal contra o empresário. Ele não chegou a denunciar a tentativa de extorsão formalmente, mas mencionou o fato no processo em que é réu, citando os nomes dos dois policiais.
"Todos os advogados que eu tive nesse período recomendaram não denunciá-los à Corregedoria, com medo de represálias."
Para o empresário, "provas forjadas" foram usadas para acusá-lo de fraudar cartões de crédito e estelionato e levá-lo à prisão.
A Corregedoria da Polícia Civil disse que vai apurar as denúncias feitas por Penhalves. O delegado do órgão Antônio do Carmo Freire reprovou a atitude do empresário, que ir à CPI antes de entregar os nomes dos policiais à Corregedoria. "Se a CPI não viesse para São Paulo, ia passar batido? Deveria ter feito a denúncia para a gente no mesmo dia."



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