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TRAGÉDIA
Instituto sugere censo de animais
Ibama quer regras de segurança em circos
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife
O representante do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) em Pernambuco, José de
Anchieta dos Santos, vai propor
em Brasília a definição de critérios
de segurança para apresentações
de animais selvagens em circos.
Santos disse que, como essas
normas não existem, fica difícil
responsabilizar alguém por tragédias como a de domingo passado,
em Jaboatão dos Guararapes
(PE). No acidente, o menino José
Miguel dos Santos Fonseca Jr., 6,
foi atacado e morto por cinco
leões do circo Vostok.
Até ontem, apenas o domador
Claudinei Pires da Rocha havia sido indiciado, sob acusação de homicídio culposo (sem intenção).
Ele pagou fiança e foi solto.
"As atuais normas de segurança
são vagas e não tratam de casos
específicos, como os circos, por
exemplo, que são itinerantes e trabalham apenas com estruturas
móveis", afirmou.
Santos acha que os órgãos de segurança deveriam adotar, nesses
casos, as regras de fiscalização dos
zoológicos. "A cerca de proteção
ao redor da jaula deveria ser obrigatória", disse.
Para ele, também deveriam ser
estabelecidos critérios "claros"
sobre o grau de resistência das
grades utilizadas durante as apresentações nos picadeiros.
O menino foi atacado por um
dos cinco leões do circo quando
passava ao lado da jaula. O animal
passou as patas por entre as grades e puxou o garoto pelo tórax.
As barras de ferro envergaram e
abriram 6 cm, o que permitiu ao
leão forçar a passagem do corpo
de Júnior por um espaço de 16 cm,
e a arrastá-lo para a jaula.
O representante do Ibama disse
que vai propor um censo dos animais selvagens no Brasil para que
o órgão saiba com quem estão,
onde estão e o que fazem.
"Atualmente, para que um animal de origem estrangeira trabalhe em um circo, basta que o proprietário apresente seu registro de
importação", disse.
No circo Vostok, essa documentação estava em ordem, segundo o departamento de fiscalização do órgão em Recife.
Luís Vostok, filho do dono do
empreendimento, Alexandre
Vostok, anunciou que o circo não
vai mais utilizar animais selvagens em suas apresentações.
"Quando voltarmos a trabalhar,
só vamos usar cavalos, pôneis e
cachorros", disse. Além dos cinco
leões que mantinha em cativeiro,
Vostok apresentava em seus
shows quatro ursos.
Os animais pertencem a um domador que não faz parte do elenco fixo do circo. Atuavam de forma terceirizada e, segundo Vostok, o contrato já foi cancelado.
O único leão que não foi morto
pela Polícia Militar no dia do ataque ao menino, encontra-se no
zoológico de Recife. Luís Vostok
disse que o animal será doado à
instituição.
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