São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 2000


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TRAGÉDIA
Instituto sugere censo de animais
Ibama quer regras de segurança em circos

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife

O representante do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) em Pernambuco, José de Anchieta dos Santos, vai propor em Brasília a definição de critérios de segurança para apresentações de animais selvagens em circos.
Santos disse que, como essas normas não existem, fica difícil responsabilizar alguém por tragédias como a de domingo passado, em Jaboatão dos Guararapes (PE). No acidente, o menino José Miguel dos Santos Fonseca Jr., 6, foi atacado e morto por cinco leões do circo Vostok.
Até ontem, apenas o domador Claudinei Pires da Rocha havia sido indiciado, sob acusação de homicídio culposo (sem intenção). Ele pagou fiança e foi solto.
"As atuais normas de segurança são vagas e não tratam de casos específicos, como os circos, por exemplo, que são itinerantes e trabalham apenas com estruturas móveis", afirmou.
Santos acha que os órgãos de segurança deveriam adotar, nesses casos, as regras de fiscalização dos zoológicos. "A cerca de proteção ao redor da jaula deveria ser obrigatória", disse.
Para ele, também deveriam ser estabelecidos critérios "claros" sobre o grau de resistência das grades utilizadas durante as apresentações nos picadeiros.
O menino foi atacado por um dos cinco leões do circo quando passava ao lado da jaula. O animal passou as patas por entre as grades e puxou o garoto pelo tórax.
As barras de ferro envergaram e abriram 6 cm, o que permitiu ao leão forçar a passagem do corpo de Júnior por um espaço de 16 cm, e a arrastá-lo para a jaula.
O representante do Ibama disse que vai propor um censo dos animais selvagens no Brasil para que o órgão saiba com quem estão, onde estão e o que fazem.
"Atualmente, para que um animal de origem estrangeira trabalhe em um circo, basta que o proprietário apresente seu registro de importação", disse.
No circo Vostok, essa documentação estava em ordem, segundo o departamento de fiscalização do órgão em Recife.
Luís Vostok, filho do dono do empreendimento, Alexandre Vostok, anunciou que o circo não vai mais utilizar animais selvagens em suas apresentações.
"Quando voltarmos a trabalhar, só vamos usar cavalos, pôneis e cachorros", disse. Além dos cinco leões que mantinha em cativeiro, Vostok apresentava em seus shows quatro ursos.
Os animais pertencem a um domador que não faz parte do elenco fixo do circo. Atuavam de forma terceirizada e, segundo Vostok, o contrato já foi cancelado.
O único leão que não foi morto pela Polícia Militar no dia do ataque ao menino, encontra-se no zoológico de Recife. Luís Vostok disse que o animal será doado à instituição.


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