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São Paulo, domingo, 13 de abril de 2003

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Para secretário, "mais rápido é impossível"

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário extraordinário de Erradicação do Analfabetismo, o engenheiro agrônomo João Luiz Homem de Carvalho, diz que o MEC está tocando o projeto da maneira mais ágil. "No programa de erradicação do analfabetismo, mais rápido é impossível. Desafio alguém que faça mais rapidamente do que estamos fazendo", diz.
"É preciso mudar leis, o ministério tem exigências com documentações e, às vezes, a prefeitura [com a qual se vai fazer convênio" não tem os papéis necessários. Não tem jeito de ser mais rápido. Mas, a partir da semana que vem, [nesta semana", isto aqui vai deslanchar." Carvalho se refere aos primeiros dez convênios de alfabetização que devem ser assinados entre o MEC e os parceiros do Brasil Alfabetizado.
"Devemos assinar convênios com a Paraíba, seis prefeituras de Pernambuco, Prefeitura de Natal, Sesi e Pastoral da Criança. Aí você põe o bloco na rua." "Pôr o bloco na rua" é a definição que Carvalho dá para o início das atividades práticas do projeto de alfabetização. Parte dos convênios anunciados pelo secretário já estava prevista para entrar em vigor na semana passada, mas atrasou por problemas burocráticos.

Regulamentação
O MEC publicou no "Diário Oficial" da União na semana passada a Resolução nš 6, que dá uma espécie de bolsa para o aluno analfabeto (R$ 15 por mês) e para o professor (R$ 20 mensais). Segundo Carvalho, o objetivo também é dar orientações gerais para o programa de alfabetização.
"Nessa instrução normativa, a gente aplica uma diretriz, só não faz dela uma coisa fechada. A gente sugere um mínimo de 260 horas, aconselha que seja uma linguagem plural, contextualizada com a realidade de cada um, que tenha salas com mínimo de 15 e máximo de 25 alunos."
A ênfase da ação do ministério está no controle de qualidade, segundo Carvalho. "Você não vai imprimir direcionamento [ao ministério" ao aceitar ou não metodologias diversas. Estamos completamente receptivos a metodologias. É na avaliação [da qualidade desses métodos" que se dá a política do MEC." O secretário diz que a idéia é evitar conflitos. "Se eu começar a falar que aceito esse ou aquele método, a fofoca que vai dar é uma coisa inacreditável."
Para ele, o problema não é a definição de um modelo. O secretário afirma que o MEC se manterá aceitando concepções diferentes.
"O MST tem o método dele e não abre mão. As igrejas evangélicas têm os métodos delas. Tenho de ter jogo de cintura para dar orientação a todos. Se uma igreja falar que não faz alfabetização com certo método, já pensou a quantidade de analfabetos que vai sobrar neste país? Acho que o ministro me convidou para desempenhar uma função dessas também. Se fosse qualquer outro, de uma militância [pedagógica], seria diferente."


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