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AVIAÇÃO
Coronéis e brigadeiros, entre eles ex-ministros, "abrem portas" para companhias aéreas após aposentadoria
Oficiais se tornam executivos de empresas
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
Oficiais graduados do Ministério
da Aeronáutica encontraram uma
forma bem remunerada de levar a
vida após a aposentadoria: prestam assessoria e até mesmo se empregam em diretorias e conselhos
de empresas aéreas.
Coronéis e brigadeiros, entre
eles dois ex-ministros, trabalham
para companhias de aviação. As
empresas dão preferência a militares com passagem pelo DAC (Departamento de Aviação Civil).
O brigadeiro Sócrates da Costa
Monteiro (ministro no governo do
ex-presidente Fernando Collor)
integra o Conselho Consultivo da
Vasp, ao lado de Querubim Rosa
Filho, também brigadeiro, e sob as
ordens do empresário Wagner Canhedo, dono da companhia.
Primeiro ministro da Aeronáutica na administração Fernando
Henrique Cardoso, o brigadeiro
Mauro Gandra preside o Sindicato
Nacional das Empresas Aéreas.
Entre outras tarefas, ao sindicato
empresarial cabe discutir com o
governo as questões relacionadas
à atual guerra de tarifas.
A "troca de camisas" é vista
com desagrado por parte do oficialato da Aeronáutica.
Em conversas reservadas com a
Folha, em situações e locais diferentes, um coronel e um major-brigadeiro (posto equivalente
ao de um general de três estrelas
do Exército) usaram o mesmo
exemplo histórico para ilustrar a
contrariedade com a situação.
Eles falaram do brigadeiro Délio
Jardim de Mattos, ministro da Aeronáutica no governo de João
Baptista Figueiredo, presidente
brasileiro de 79 a 85.
Após deixar o governo e passar
para a reserva, o brigadeiro foi
convidado por várias empresas aéreas para ocupar cargos executivos ou consultivos. A resposta de
Mattos foi a mesma em todas as
abordagens: não julgava ético ganhar dinheiro para "abrir portas".
O interesse das empresas pelos
dirigentes do DAC se deve ao fato
de o órgão, com sede no Rio, ter
como função básica cuidar de assuntos relacionados à aviação comercial, como preços de passagens, liberação de novas rotas e
autorização para o aumento do
número de vôos. O oficial que se
especializa no órgão adquire conhecimentos bastante úteis ao planejamento das companhias.
O ex-ministro Gandra passou
pela direção-geral do DAC. Também veio do órgão de aviação civil
da Aeronáutica o brigadeiro Carlos Sérgio de Sant'Anna César, hoje assessor da presidência da Vasp
para assuntos internacionais.
A passagem pelo DAC propicia
conhecimentos que permitem a
um oficial de alta patente até se
tornar empresário de aviação.
É o caso do brigadeiro Sérgio
Burger, ex-diretor-geral do DAC.
Burger montou a empresa Fly, especializada em vôos charters.
Na Varig, o brigadeiro Lino Pereira integra, há cerca de um ano,
o Conselho de Administração. É o
único oficial da Aeronáutica empregado no primeiro escalão da
Varig. Ele não dirigiu o DAC.
O coronel da reserva da Aeronáutica Gabriel Athayde é o vice-presidente da Transbrasil.
A situação de Athayde difere da
dos demais oficiais empregados
ou a serviço das empresas aéreas.
Ele ingressou na Transbrasil há 30
anos, a convite do presidente,
Omar Fontana.
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