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A FAVOR
Ex-ministro não vê promiscuidade
da Sucursal do Rio
O ex-ministro da Aeronáutica
Mauro Gandra criticou a atuação
de oficiais que, a serviço de companhias aéreas após a aposentadoria, atuam junto ao governo com o
objetivo de conseguir facilidades
para os empregadores.
"É condenável alguém ser contratado como abridor de portas. É
muito negativo", disse Gandra,
64, à Folha.
Atual presidente do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aéreas), o ex-ministro da Aeronáutica no primeiro ano do governo
Fernando Henrique Cardoso rebate as acusações de promiscuidade dirigidas por parte do oficialato
da Aeronáutica e pelo Sindicato
Nacional dos Aeronautas.
"Você pode até ter casos de promiscuidade, mas isso acontece
muito mesmo é na área do sistema
financeiro", afirmou.
Para Gandra, a presidência do
sindicato significa a continuidade
do trabalho desenvolvido no período em que dirigiu o DAC (Departamento de Aviação Civil) do
Ministério da Aeronáutica, no início da década.
O brigadeiro conta ter vivido no
DAC "uma época de crises", com
a situação falimentar da Vasp e
graves contratempos financeiros
enfrentados pela Varig.
"Na crise, as pessoas se juntam.
Eu apoiei as empresas, não os empresários. Estava preocupado com
a empresa tradicional, que não deveria fechar", disse Gandra, que
passou para a reserva no posto de
tenente-brigadeiro, o mais alto na
hierarquia da Aeronáutica.
O ex-ministro disse que relutou
em aceitar o cargo de presidente
do sindicato, para o qual foi convidado por donos de empresas.
"Quando deixei a Aeronáutica,
fui convidado para participar de
conselhos ou ser executivo de cinco empresas: Vasp, Transbrasil,
TAM, Líder e uma outra de que
não me lembro. Recusei todos os
convites. Disse que fui juiz e que
não poderia vestir a camisa de um
dos times em campo", afirmou.
Diante da insistência, Gandra
acabou aceitando a presidência do
sindicato.
"Não aceitei para ganhar dinheiro. Tenho um apartamento
muito bom. Minha mulher é advogada. Sou conselheiro de uma empresa que era estatal (a GE-Celma,
em Petrópolis, na região serrana
do Estado do Rio)", afirmou.
Por exigência estatutária, Gandra teria que ser diretor de uma
empresa aérea para poder assumir
a presidência sindical.
O ex-ministro escolheu uma das
menores companhias de aviação
do Brasil, a Total, que fica em Curitiba (PR).
No organograma da Total, Gandra figura como diretor de assessoria técnica.
(ST)
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