São Paulo, segunda, 13 de abril de 1998

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A FAVOR
Ex-ministro não vê promiscuidade

da Sucursal do Rio

O ex-ministro da Aeronáutica Mauro Gandra criticou a atuação de oficiais que, a serviço de companhias aéreas após a aposentadoria, atuam junto ao governo com o objetivo de conseguir facilidades para os empregadores.
"É condenável alguém ser contratado como abridor de portas. É muito negativo", disse Gandra, 64, à Folha.
Atual presidente do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aéreas), o ex-ministro da Aeronáutica no primeiro ano do governo Fernando Henrique Cardoso rebate as acusações de promiscuidade dirigidas por parte do oficialato da Aeronáutica e pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas.
"Você pode até ter casos de promiscuidade, mas isso acontece muito mesmo é na área do sistema financeiro", afirmou.
Para Gandra, a presidência do sindicato significa a continuidade do trabalho desenvolvido no período em que dirigiu o DAC (Departamento de Aviação Civil) do Ministério da Aeronáutica, no início da década.
O brigadeiro conta ter vivido no DAC "uma época de crises", com a situação falimentar da Vasp e graves contratempos financeiros enfrentados pela Varig.
"Na crise, as pessoas se juntam. Eu apoiei as empresas, não os empresários. Estava preocupado com a empresa tradicional, que não deveria fechar", disse Gandra, que passou para a reserva no posto de tenente-brigadeiro, o mais alto na hierarquia da Aeronáutica.
O ex-ministro disse que relutou em aceitar o cargo de presidente do sindicato, para o qual foi convidado por donos de empresas.
"Quando deixei a Aeronáutica, fui convidado para participar de conselhos ou ser executivo de cinco empresas: Vasp, Transbrasil, TAM, Líder e uma outra de que não me lembro. Recusei todos os convites. Disse que fui juiz e que não poderia vestir a camisa de um dos times em campo", afirmou.
Diante da insistência, Gandra acabou aceitando a presidência do sindicato.
"Não aceitei para ganhar dinheiro. Tenho um apartamento muito bom. Minha mulher é advogada. Sou conselheiro de uma empresa que era estatal (a GE-Celma, em Petrópolis, na região serrana do Estado do Rio)", afirmou.
Por exigência estatutária, Gandra teria que ser diretor de uma empresa aérea para poder assumir a presidência sindical.
O ex-ministro escolheu uma das menores companhias de aviação do Brasil, a Total, que fica em Curitiba (PR).
No organograma da Total, Gandra figura como diretor de assessoria técnica. (ST)


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