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São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 2003

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CASO PEDRINHO

Foragida havia 14 dias, a empresária foi achada ontem de manhã; a amiga que ajudou na fuga também foi detida

Vilma é presa, passa mal e é hospitalizada

Wildes Barbosa/"Diário da Manhã"
Wilma Martins Costa sendo levada presa ontem


UISAL BAKRI
ADRIANA CHAVES

DA AGÊNCIA FOLHA

A empresária Vilma Martins Costa foi presa ontem de manhã na casa de uma amiga, em Aparecida de Goiânia (região metropolitana de Goiânia). Ela é acusada pelos sequestros do garoto Pedrinho e de Roberta Jamilly. Os dois foram registrados como sendo filhos de Vilma.
Foragida havia 14 dias, ela foi detida às 9h, na casa de Janaína Borges, filha de sua amiga Ana Borges, que também foi presa e autuada em flagrante por ter ajudado a esconder a empresária.
O Tribunal de Justiça de Goiás havia expedido dois pedidos de prisão preventiva contra Vilma, nos dias 28 de abril e 9 de maio, referentes a duas ações penais.
Em um dos processos, ela é apontada como responsável pelo sequestro de Pedro Braule Rosalino Pinto, o Pedrinho, da maternidade Santa Lúcia, em Brasília, em janeiro de 1986. O garoto foi registrado como Osvaldo Martins Borges Júnior.
Na outra ação, Vilma é acusada de forjar um parto no hospital Paulo de Tarso, em Itaguari (90 km de Goiânia), e pelo desaparecimento de Aparecida Fernanda Ribeiro da Silva de uma maternidade em Goiânia, em fevereiro de 1979. A jovem foi criada como Roberta Jamilly Martins Borges.
Vilma responderá por três crimes na Justiça, com base nos artigos 148 (subtração ou sequestro), 242 (registro de filho alheio como sendo próprio) e 299 (falsidade ideológica) do Código Penal. Há dúvidas quanto à prescrição de alguns deles.
"A prescrição é uma discussão acadêmica. Uma corrente entende que o prazo conta a partir da descoberta do crime, outra, da data em que ocorreu. No caso da falsidade ideológica, levamos em conta que a dona Vilma apresentou dados falsos para batizar Roberta", afirmou o delegado-titular da Deic, Antônio Gonçalves.

Prisão
A polícia já havia estado, na semana passada, na casa onde Vilma foi localizada. Quando os três policiais chegaram ao local ontem, após denúncias de vizinhos, a empresária estava escondida embaixo do sofá da sala.
Levada para a delegacia, Vilma passou mal e foi encaminhada ao Hospital de Urgências de Goiânia, onde passaria a noite em um quarto isolado, sob a escolta de quatro policiais. As duas filhas que a aguardavam na porta da delegacia -Roberta Jamilly e Cristiane Michelle- foram impedidas de acompanhá-la.
Para Cristiane, sua mãe é "vítima de uma injustiça". "A partir do momento em que ela não pode ser atendida por seu médico particular, eu não acredito em nada."
"Ela teve apenas uma crise de hipertensão. Os exames não apontaram nenhuma anormalidade, mas optamos por deixá-la em observação por segurança", disse o diretor-geral do hospital, Luciano Sardinha.
De acordo com o delegado Gonçalves Pereira, assim que tiver alta e prestar depoimento, Vilma deverá ficar presa numa cela comum até o julgamento do caso.
O delegado descartou a possibilidade de prisão de Janaína, dona da casa onde Vilma foi presa. "Ela, Janaína, não podia expulsar as duas [Vilma e Ana] de casa."
O advogado da empresária, Max Lânio Leão, disse que a prisão não altera a defesa. "Vamos entrar com pedido de habeas corpus e esperar o julgamento."

Pedrinho e Roberta
Filho natural de Jayro Tapajós e Maria Auxiliadora Braule Pinto, Pedrinho foi criado como Osvaldo Júnior pela empresária até outubro do ano passado, quando um exame de DNA revelou sua verdadeira filiação.
Foi também um teste de DNA que mostrou, em fevereiro, que Roberta Jamilly era Aparecida Fernanda, filha natural de Francisca Maria Ribeiro da Silva, 63.
Francisca não quis comentar a prisão de Vilma. Segundo sua irmã, Célia Ribeiro, "ela ficou muito emocionada" com a notícia.
Os pais biológicos de Pedrinho, que moram em Brasília, não comemoraram a prisão de Vilma.
Maria Auxiliadora não quis falar com jornalistas. Segundo Jayro Tapajós, ela estava emocionada com a notícia da prisão. Ele negou que os dois queiram vingança.
"É a sociedade brasileira e todos os pais e todas as mães do Brasil que querem Justiça nesse caso."
Segundo Tapajós, ele e Maria Auxiliadora já fizeram sua parte quando ela disse publicamente que reconhecia Vilma como a mulher que levou seu filho há 16 anos. Desde o reconhecimento, ocorrido em novembro do ano passado, eles não se encontram.
"Para a Lia [como é chamada Maria Auxiliadora] foi mais difícil [conhecer a Vilma]. Para mim não, porque eu queria saber com quem eu estava lidando."
Jayro afirmou que o relacionamento com o filho vai continuar o mesmo. Os dois pais biológicos já pagam a escola particular de Pedrinho e todas as despesas do rapaz em Goiânia, onde ele vive.
"Isso [a prisão de Vilma] não compromete nada porque ele já disse que nos ama", afirmou o pai biológico. Jayro disse, também, que prefere não acompanhar o processo contra Vilma.
O garoto passou o Dia das Mães em Brasília, com sua mãe biológica, pela primeira vez.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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