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CASO PEDRINHO
Foragida havia 14 dias, a empresária foi achada ontem de manhã; a amiga que ajudou na fuga também foi detida
Vilma é presa, passa mal e é hospitalizada
Wildes Barbosa/"Diário da Manhã"
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Wilma Martins Costa sendo levada presa ontem |
UISAL BAKRI
ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA
A empresária Vilma Martins
Costa foi presa ontem de manhã
na casa de uma amiga, em Aparecida de Goiânia (região metropolitana de Goiânia). Ela é acusada
pelos sequestros do garoto Pedrinho e de Roberta Jamilly. Os dois
foram registrados como sendo filhos de Vilma.
Foragida havia 14 dias, ela foi
detida às 9h, na casa de Janaína
Borges, filha de sua amiga Ana
Borges, que também foi presa e
autuada em flagrante por ter ajudado a esconder a empresária.
O Tribunal de Justiça de Goiás
havia expedido dois pedidos de
prisão preventiva contra Vilma,
nos dias 28 de abril e 9 de maio,
referentes a duas ações penais.
Em um dos processos, ela é
apontada como responsável pelo
sequestro de Pedro Braule Rosalino Pinto, o Pedrinho, da maternidade Santa Lúcia, em Brasília, em
janeiro de 1986. O garoto foi registrado como Osvaldo Martins Borges Júnior.
Na outra ação, Vilma é acusada
de forjar um parto no hospital
Paulo de Tarso, em Itaguari (90
km de Goiânia), e pelo desaparecimento de Aparecida Fernanda
Ribeiro da Silva de uma maternidade em Goiânia, em fevereiro de
1979. A jovem foi criada como Roberta Jamilly Martins Borges.
Vilma responderá por três crimes na Justiça, com base nos artigos 148 (subtração ou sequestro),
242 (registro de filho alheio como
sendo próprio) e 299 (falsidade
ideológica) do Código Penal. Há
dúvidas quanto à prescrição de alguns deles.
"A prescrição é uma discussão
acadêmica. Uma corrente entende que o prazo conta a partir da
descoberta do crime, outra, da data em que ocorreu. No caso da falsidade ideológica, levamos em
conta que a dona Vilma apresentou dados falsos para batizar Roberta", afirmou o delegado-titular
da Deic, Antônio Gonçalves.
Prisão
A polícia já havia estado, na semana passada, na casa onde Vilma foi localizada. Quando os três
policiais chegaram ao local ontem, após denúncias de vizinhos,
a empresária estava escondida
embaixo do sofá da sala.
Levada para a delegacia, Vilma
passou mal e foi encaminhada ao
Hospital de Urgências de Goiânia,
onde passaria a noite em um
quarto isolado, sob a escolta de
quatro policiais. As duas filhas
que a aguardavam na porta da delegacia -Roberta Jamilly e Cristiane Michelle- foram impedidas de acompanhá-la.
Para Cristiane, sua mãe é "vítima de uma injustiça". "A partir
do momento em que ela não pode
ser atendida por seu médico particular, eu não acredito em nada."
"Ela teve apenas uma crise de
hipertensão. Os exames não
apontaram nenhuma anormalidade, mas optamos por deixá-la
em observação por segurança",
disse o diretor-geral do hospital,
Luciano Sardinha.
De acordo com o delegado Gonçalves Pereira, assim que tiver alta
e prestar depoimento, Vilma deverá ficar presa numa cela comum até o julgamento do caso.
O delegado descartou a possibilidade de prisão de Janaína, dona
da casa onde Vilma foi presa.
"Ela, Janaína, não podia expulsar
as duas [Vilma e Ana] de casa."
O advogado da empresária,
Max Lânio Leão, disse que a prisão não altera a defesa. "Vamos
entrar com pedido de habeas corpus e esperar o julgamento."
Pedrinho e Roberta
Filho natural de Jayro Tapajós e
Maria Auxiliadora Braule Pinto,
Pedrinho foi criado como Osvaldo Júnior pela empresária até outubro do ano passado, quando
um exame de DNA revelou sua
verdadeira filiação.
Foi também um teste de DNA
que mostrou, em fevereiro, que
Roberta Jamilly era Aparecida
Fernanda, filha natural de Francisca Maria Ribeiro da Silva, 63.
Francisca não quis comentar a
prisão de Vilma. Segundo sua irmã, Célia Ribeiro, "ela ficou muito emocionada" com a notícia.
Os pais biológicos de Pedrinho,
que moram em Brasília, não comemoraram a prisão de Vilma.
Maria Auxiliadora não quis falar com jornalistas. Segundo Jayro Tapajós, ela estava emocionada
com a notícia da prisão. Ele negou
que os dois queiram vingança.
"É a sociedade brasileira e todos
os pais e todas as mães do Brasil
que querem Justiça nesse caso."
Segundo Tapajós, ele e Maria
Auxiliadora já fizeram sua parte
quando ela disse publicamente
que reconhecia Vilma como a
mulher que levou seu filho há 16
anos. Desde o reconhecimento,
ocorrido em novembro do ano
passado, eles não se encontram.
"Para a Lia [como é chamada
Maria Auxiliadora] foi mais difícil
[conhecer a Vilma]. Para mim
não, porque eu queria saber com
quem eu estava lidando."
Jayro afirmou que o relacionamento com o filho vai continuar o
mesmo. Os dois pais biológicos já
pagam a escola particular de Pedrinho e todas as despesas do rapaz em Goiânia, onde ele vive.
"Isso [a prisão de Vilma] não
compromete nada porque ele já
disse que nos ama", afirmou o pai
biológico. Jayro disse, também,
que prefere não acompanhar o
processo contra Vilma.
O garoto passou o Dia das Mães
em Brasília, com sua mãe biológica, pela primeira vez.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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