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EDUCAÇÃO
Ameaça de greve de fome em 14 das 50 universidades federais leva governo a rever a posição de segurar salários
FHC recua e paga professores em greve
FERNANDO ROSSETTI
da Reportagem Local
Diante de uma iminente greve de
fome em pelo menos 14 das 50 universidades federais paralisadas há
mais de dois meses, o presidente
FHC recuou, determinando "o
pagamento imediato dos salários
de maio a todos os professores e
servidores, mesmo daqueles que
aderiram à greve".
Os salários -que deveriam ter
sido pagos no último dia 25- foram retidos em todas as instituições onde havia greve, sob o argumento de que isso é uma determinação legal e que o governo tem
que cumprir a lei. Liberados ontem, devem cair na conta dos professores já na segunda-feira.
"Não foi um recuo, e sim mais
uma demonstração de que o governo está disposto a negociar",
afirmou à Folha o ministro da
Educação, Paulo Renato Souza
-que anunciaria a liberação dos
salários em cadeia nacional de rádio e televisão ontem às 20h, após
a conclusão desta edição.
Ao contrário de praticamente
todos os pronunciamentos feitos
pelo ministro nos últimos três
anos, o texto da fala de ontem foi
liberado para a imprensa às 17h
-antes, portanto, da transmissão
(leia íntegra nesta página).
A greve de fome vinha sendo articulada desde a semana passada
pelo comando da greve para forçar
o governo a liberar os salários. Até
as 19h30 de ontem, a liderança
grevista estava em reunião para
discutir o novo quadro e, por isso,
ainda não havia posição sobre a
manutenção ou não da greve de
fome.
A Folha apurou que o governo
avalia que um movimento desse
tipo neste momento seria ainda
mais prejudicial à imagem de Fernando Henrique Cardoso -candidato à reeleição-, do que manter a posição, estabelecida no início do governo, em 95, de que grevista do setor público federal não
deve receber o salário.
Na terça-feira passada, o governo FHC também recuou em um
dos pontos de honra do novo Código de Trânsito Brasileiro: o valor
elevado das multas, para garantir
seu sucesso. Por sugestão do presidente do Senado, Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA), o governo
começou a estudar a redução dos
valores das multas, consideradas
impopulares.
No caso do setor universitário, a
situação de popularidade do presidente é ainda mais grave. O extrato da população com formação no
ensino superior foi o primeiro a
demonstrar, ainda em maio, intensão de voto tecnicamente empatada entre FHC e Lula, em pesquisa do Datafolha.
Com o pagamento dos salários
aos grevistas, o impasse nas negociações assume novo contorno.
Agora, a questão central é quanto
vai custar o aumento.
A proposta do governo envolve
em torno de R$ 320 milhões ao
ano; a do comando de greve, R$
790 milhões. Qualquer aumento
tem que ser votado pelo Congresso até o dia 30 deste mês -já que
isso é vedado no segundo semestre
pela lei eleitoral.
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