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Peritos divergem sobre conclusão dos laudos oficiais
DA SUCURSAL DO RIO
Após analisarem, a pedido da
Folha, laudos cadavéricos oficiais dos 19 mortos pela polícia
no complexo do Alemão (zona
norte do Rio) no dia 27, os médicos-legistas José Eduardo
Silva Reis e Mauro Ricart tiveram conclusões opostas.
Para Reis, policiais mataram
pessoas já subjugadas, que não
participavam de enfrentamentos. "Não tenho dúvida alguma
de que houve execuções."
Na opinião de Ricart, que foi
diretor do Instituto de Criminalística Carlos Éboli da Polícia
Civil do Rio, mesmo os ferimentos identificados como de
curta distância não são suficientes para caracterizar assassinatos sem resistência. Ricart
avalia que os dados são insuficientes para se falar em morte
por uso abusivo de força. "Não
dá para falar em execuções."
Já para Reis, os laudos sugerem morte sem legítima defesa.
"Tudo, para mim, aponta isso,
não tenho dúvida", disse ele,
que é diretor de Promoção e
Assistência de Saúde do governo do Distrito Federal.
Assim como o perito independente Odoroilton Larocca
Quinto, que examinou os laudos a pedido da Ordem dos Advogados do Brasil, Reis criticou
os procedimentos adotados no
IML (Instituto Médico Legal).
Segundo ele, os projéteis não
foram retirados dos corpos e
também não foram feitas radiografias nem perícias nos locais onde ocorreram as mortes.
O IML não quis comentar.
(RAPHAEL GOMIDE e SERGIO TORRES)
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