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foco
Músico leva soco, quebra dedo e tem de pôr pinos após briga de trânsito
DA REPORTAGEM LOCAL
Com medo de que a revelação do nome possa impelir o
motorista a "reavivar" a história mais absurda de sua vida
nas ruas paulistanas, o músico
A.L., 30, admite -"que depois
fiquei mais mansinho no trânsito, fiquei"- com um riso nervoso. Mas na madrugada daquela quarta-feira de 2003 o
caso não teve graça alguma.
De carona com a relações-públicas Daniele Apone, 25,
que dirigia pela primeira vez o
Sienna zero da mãe, decidiram
ir ao bar de samba Ó do Borogodó, na Vila Madalena, zona
oeste de São Paulo.
A primeira surpresa foi encontrar uma vaga tão de imediato. Mas um carro vazio parado em fila dupla interrompia
a passagem e o motorista de
trás não largava a buzina. Nervosa, Daniele tentou manobrar, deu uma ré e sentiu que
dera "uma encostadinha, um
totozinho de nada" no carro.
A.L. a acalmou e saiu para
checar. "Nisso veio o dono do
carro, abriu minha porta e me
tirou pela gola, me xingando e
gritando: "Como é que você faz
isso com o meu carro, sua louca!'", conta Daniele. Pior -ele
sacou um revólver e apontou
para a cabeça dela, que desmaiou e só voltou a si quando o
resto tinha acontecido.
A.L. tentou explicar ao motorista que o carro não fora
amassado. "Mas ele queria resolver a humilhação dele, nem
olhou para ver se o carro tinha
algum amassado", diz, no que
recebeu um soco no nariz e um
chute na mão que quebrou seu
dedo indicador direito.
Fotógrafo, além de violonista, ele teve que pôr pinos, ficou
meses sem trabalhar e, "pior,
por causa de uma besteira sem
tamanho", lembra.
"Foi aquele tipo de discussão de trânsito em que ninguém entendia o que estava
acontecendo", diz. "O cara não
sabia que havia um carro parado na frente da Dani e deve ter
achado que o fato de ela dar
uma ré no carro dele foi uma
tremenda provocação", reflete. "Mas ele poderia ter tido
um pouco de paciência."
Não teve e ninguém conseguia controlá-lo, pois estava de
arma em punho. "Ele parecia
um cão raivoso", diz A.L, que
viu um colega que veio ajudar
receber duas coronhadas na
cabeça, o carro da amiga ser
chutado pelo agressor até que
a lataria da porta traseira ficar
deformada, enquanto disparava dois tiros para o alto.
A situação só não se tornou
mais crítica porque o carro que
fechava o trânsito foi retirado
e todos foram embora. Não registraram queixa, com medo
de represálias -ouviram que o
agressor era policial e "meio
doidão mesmo, e que sempre
aprontava pela área".
Tudo durou cinco minutos,
mas foi o suficiente para traumatizar meio mundo.
A noite acabou por ali, com o
amigo no hospital e Daniele
com uma crise de nervos. "Até
hoje parece mentira que tudo
isso tenha acontecido porque
eu dei uma encostadinha no
carro de trás."
(WV)
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