São Paulo, domingo, 13 de julho de 2008

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Músico leva soco, quebra dedo e tem de pôr pinos após briga de trânsito

DA REPORTAGEM LOCAL

Com medo de que a revelação do nome possa impelir o motorista a "reavivar" a história mais absurda de sua vida nas ruas paulistanas, o músico A.L., 30, admite -"que depois fiquei mais mansinho no trânsito, fiquei"- com um riso nervoso. Mas na madrugada daquela quarta-feira de 2003 o caso não teve graça alguma.
De carona com a relações-públicas Daniele Apone, 25, que dirigia pela primeira vez o Sienna zero da mãe, decidiram ir ao bar de samba Ó do Borogodó, na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo.
A primeira surpresa foi encontrar uma vaga tão de imediato. Mas um carro vazio parado em fila dupla interrompia a passagem e o motorista de trás não largava a buzina. Nervosa, Daniele tentou manobrar, deu uma ré e sentiu que dera "uma encostadinha, um totozinho de nada" no carro.
A.L. a acalmou e saiu para checar. "Nisso veio o dono do carro, abriu minha porta e me tirou pela gola, me xingando e gritando: "Como é que você faz isso com o meu carro, sua louca!'", conta Daniele. Pior -ele sacou um revólver e apontou para a cabeça dela, que desmaiou e só voltou a si quando o resto tinha acontecido.
A.L. tentou explicar ao motorista que o carro não fora amassado. "Mas ele queria resolver a humilhação dele, nem olhou para ver se o carro tinha algum amassado", diz, no que recebeu um soco no nariz e um chute na mão que quebrou seu dedo indicador direito.
Fotógrafo, além de violonista, ele teve que pôr pinos, ficou meses sem trabalhar e, "pior, por causa de uma besteira sem tamanho", lembra.
"Foi aquele tipo de discussão de trânsito em que ninguém entendia o que estava acontecendo", diz. "O cara não sabia que havia um carro parado na frente da Dani e deve ter achado que o fato de ela dar uma ré no carro dele foi uma tremenda provocação", reflete. "Mas ele poderia ter tido um pouco de paciência."
Não teve e ninguém conseguia controlá-lo, pois estava de arma em punho. "Ele parecia um cão raivoso", diz A.L, que viu um colega que veio ajudar receber duas coronhadas na cabeça, o carro da amiga ser chutado pelo agressor até que a lataria da porta traseira ficar deformada, enquanto disparava dois tiros para o alto.
A situação só não se tornou mais crítica porque o carro que fechava o trânsito foi retirado e todos foram embora. Não registraram queixa, com medo de represálias -ouviram que o agressor era policial e "meio doidão mesmo, e que sempre aprontava pela área".
Tudo durou cinco minutos, mas foi o suficiente para traumatizar meio mundo.
A noite acabou por ali, com o amigo no hospital e Daniele com uma crise de nervos. "Até hoje parece mentira que tudo isso tenha acontecido porque eu dei uma encostadinha no carro de trás." (WV)


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