São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 2009

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Bebê e garota são baleados em Paraisópolis

Vítimas foram atingidas durante troca de tiros entre policiais e um suspeito na favela; elas não correm risco de morte

Polícia diz que tiroteio começou após homem abordado reagir e começar a atirar e que acredita que foi ele quem acertou meninas


MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma menina de oito meses e uma adolescente de 16 anos foram baleadas ontem à tarde na favela Paraisópolis (zona sul de São Paulo). Segundo a Polícia Militar, elas foram atingidas durante uma troca de tiros entre policiais e um suspeito.
As duas foram levadas ao hospital Albert Einstein e não correm risco de morte, segundo a PM e familiares.
Luana Santos de Souza, 16, tem uma bala alojada no peito, mas está consciente, segundo o pai, o pedreiro Luis Carlos de Souza, 35. Isabela Silva, oito meses, que é vizinha da adolescente e estava no colo de Luana na hora dos tiros, quebrou o osso de um dos braços.
O caso aconteceu quatro dias depois de uma menina ser baleada durante uma perseguição policial na favela de Heliópolis, também na zona sul.
O pai de Luana diz que a filha tinha saído para comprar comida. "Ela está consciente e relata que ouviu disparos. Não sabe de onde saíram. Pensou que fossem bombinhas, mas percebeu que estava sangrando."
Segundo o tenente Dirceu Fernandes Macedo, que compareceu ao distrito policial para acompanhar o caso, uma dupla de policiais abordou um veículo com três pessoas consideradas suspeitas. Dois dos ocupantes fugiram a pé. O terceiro foi abordado pelos policiais.
O tenente afirmou que esse homem reagiu, lutou com os policiais, sacou uma arma e começou a atirar. Macedo disse que os policiais revidaram e também atiraram, mas o suspeito fugiu a pé -a polícia não sabe se ele foi ferido.
Segundo o tenente, os PMs viram então que a adolescente e a criança estavam feridas e pararam para prestar socorro.
Macedo disse que a posição em que Luana e Isabela estavam leva a crer que as balas que as atingiram partiram do suspeito. Elas estavam mais ao lado dos policiais e, portanto, na linha de tiro do suspeito, segundo esse raciocínio.
Ele afirmou que será aberto um inquérito policial militar para apurar o episódio e que os PMs devem ser afastados das ruas durante a investigação.
Gilson Rodrigues, presidente da União dos Moradores de Paraisópolis, disse que, em conversa com os moradores, não ouviu relatos de que os suspeitos tivessem atirado.
Ele afirmou que "o importante é que [o caso] seja investigado para que o culpado seja punido". "Não dá para acontecer isso e ficar de braços cruzados. Ações que mostrem despreparo da polícia precisam ser punidas", afirmou.
"Como pode acontecer isso em uma rua movimentada? Ninguém espera uma atuação dessas da polícia", disse Claudinéia Silva, 21, tia de Isabela.

Heliópolis
Na última quarta-feira, uma menina de oito anos foi atingida por um tiro na favela de Heliópolis durante uma perseguição policial.
Moradores da favela disseram que um dos dois PMs atirou durante a perseguição a duas pessoas numa moto. A PM disse que houve troca de tiros e abriu investigação para apurar se o disparo que atingiu a menina partiu de um dos policiais.
O major Walmir Martini disse ontem que os casos de Heliópolis e o de ontem são isolados e que a polícia tem feito um bom trabalho em Paraisópolis.


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