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Bebê e garota são baleados em Paraisópolis
Vítimas foram atingidas durante troca de tiros entre policiais e um suspeito na favela; elas não correm risco de morte
Polícia diz que tiroteio começou após homem abordado reagir e começar a atirar e que acredita que foi ele quem acertou meninas
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma menina de oito meses e
uma adolescente de 16 anos foram baleadas ontem à tarde na
favela Paraisópolis (zona sul de
São Paulo). Segundo a Polícia
Militar, elas foram atingidas
durante uma troca de tiros entre policiais e um suspeito.
As duas foram levadas ao
hospital Albert Einstein e não
correm risco de morte, segundo a PM e familiares.
Luana Santos de Souza, 16,
tem uma bala alojada no peito,
mas está consciente, segundo o
pai, o pedreiro Luis Carlos de
Souza, 35. Isabela Silva, oito
meses, que é vizinha da adolescente e estava no colo de Luana
na hora dos tiros, quebrou o osso de um dos braços.
O caso aconteceu quatro dias
depois de uma menina ser baleada durante uma perseguição
policial na favela de Heliópolis,
também na zona sul.
O pai de Luana diz que a filha
tinha saído para comprar comida. "Ela está consciente e relata
que ouviu disparos. Não sabe
de onde saíram. Pensou que
fossem bombinhas, mas percebeu que estava sangrando."
Segundo o tenente Dirceu
Fernandes Macedo, que compareceu ao distrito policial para
acompanhar o caso, uma dupla
de policiais abordou um veículo
com três pessoas consideradas
suspeitas. Dois dos ocupantes
fugiram a pé. O terceiro foi
abordado pelos policiais.
O tenente afirmou que esse
homem reagiu, lutou com os
policiais, sacou uma arma e começou a atirar. Macedo disse
que os policiais revidaram e
também atiraram, mas o suspeito fugiu a pé -a polícia não
sabe se ele foi ferido.
Segundo o tenente, os PMs
viram então que a adolescente
e a criança estavam feridas e
pararam para prestar socorro.
Macedo disse que a posição
em que Luana e Isabela estavam leva a crer que as balas que
as atingiram partiram do suspeito. Elas estavam mais ao lado dos policiais e, portanto, na
linha de tiro do suspeito, segundo esse raciocínio.
Ele afirmou que será aberto
um inquérito policial militar
para apurar o episódio e que os
PMs devem ser afastados das
ruas durante a investigação.
Gilson Rodrigues, presidente
da União dos Moradores de Paraisópolis, disse que, em conversa com os moradores, não
ouviu relatos de que os suspeitos tivessem atirado.
Ele afirmou que "o importante é que [o caso] seja investigado para que o culpado seja
punido". "Não dá para acontecer isso e ficar de braços cruzados. Ações que mostrem despreparo da polícia precisam ser
punidas", afirmou.
"Como pode acontecer isso
em uma rua movimentada?
Ninguém espera uma atuação
dessas da polícia", disse Claudinéia Silva, 21, tia de Isabela.
Heliópolis
Na última quarta-feira, uma
menina de oito anos foi atingida por um tiro na favela de Heliópolis durante uma perseguição policial.
Moradores da favela disseram que um dos dois PMs atirou durante a perseguição a
duas pessoas numa moto. A PM
disse que houve troca de tiros e
abriu investigação para apurar
se o disparo que atingiu a menina partiu de um dos policiais.
O major Walmir Martini disse ontem que os casos de Heliópolis e o de ontem são isolados
e que a polícia tem feito um
bom trabalho em Paraisópolis.
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