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EDUCAÇÃO
Sistema de avaliação da pós-graduação vai mudar
MARTA AVANCINI
da Reportagem Local
O principal sistema de avaliação
da pós-graduação brasileira vai
mudar a partir deste ano com o
objetivo de melhorar a performance e a inserção da pesquisa nacional no meio científico mundial.
O sistema atual foi criado e é
mantido pela Capes (Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior), fundação ligada
ao Ministério da Educação.
Ele se baseia na atribuição de
conceitos aos cursos que variam
de A a E, com base na verificação
de uma série de aspectos -titulação dos professores, fluxo de alunos, publicações, entre outros.
A avaliação também é usada como critério de distribuição de bolsas de estudo pela Capes que é, ao
lado do CNPq, a principal agência
de financiamento de pesquisadores de nível nacional.
Em 98, a fundação vai aplicar
cerca de R$ 454 milhões em bolsas.
Pelo novo sistema, os programas
de pós-graduação (e não mais os
cursos) vão receber notas de 1 a 7,
sendo que as notas 6 e 7 serão reservadas aos programas considerados de nível internacional.
"O sistema antigo funcionou
durante uma fase, mas com o passar do tempo apareceram vícios
que podem ser percebidos pelo
acúmulo de conceitos A e B", diz
Jorge Guimarães, professor-titular
do Centro de Biotecnologia da
Universidade Federal do Rio
Grande do Sul e representante da
área de biológicas nas discussões
sobre os novos critérios.
Hoje, cerca de 90% dos cursos de
pós-graduação do Brasil se situam
na faixa dos conceitos A e B, de
acordo com a Capes.
Os resultados finais da nova avaliação devem estar concluídos
apenas no final de julho, mas já se
sabe que haverá variações, em alguns casos para baixo, das notas.
A tendência é que a maioria dos
cursos fique na faixa das notas médias, entre 3 e 5.
"É consequência do aumento
do rigor da avaliação, mas isso não
significa que os cursos perderam
qualidade", diz Abílio Baeta Neves, presidente da Capes.
"A avaliação antiga já cumpriu
o seu papel e estabeleceu padrões
de qualidade, tanto que um grande número de cursos são bem avaliados. Mas estamos entrando em
uma nova fase e aumentando o
grau de exigência", completa Baeta Neves.
Aumentar a exigência significa
fazer uma avaliação mais detalhada dos programas e incorporar
critérios internacionais -publicações em revistas de renome
mundial, citações de pesquisas
brasileiras no exterior, convênios
internacionais, entre outros.
"A idéia é abrir a escala para cima para abarcar os cursos que se
diferenciam e têm um nível comparável aos padrões internacionais. Eles devem se tornar as novas
referências de qualidade", diz
Adalberto Vasques, diretor de
Avaliação da Capes.
Embora concorde com a necessidade de uma avaliação, a Associação Nacional de Pós-Graduandos critica a maneira como o novo
processo está sendo implantado.
"Os critérios não foram divulgados. Isso poderia ajudar os programas a se adequar e melhorar, o
programa ou a avaliação", afirma
Divinomar Severino, coordenador
da associação dos pós-graduandos.
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