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Hospitais públicos farão esterilização
da Sucursal de Brasília
Os hospitais públicos poderão
fazer cirurgias de esterilização voluntárias em homens e mulheres
maiores de 25 anos que tenham
pelo menos dois filhos vivos e também quando houver risco de vida à
mulher ou ao futuro feto.
O Congresso derrubou ontem 14
vetos do presidente Fernando
Henrique Cardoso à lei que estabelece regras de planejamento familiar, previsto no artigo 226 da
Constituição.
Na votação da Câmara, foram
344 votos contra os vetos, 53 a favor e 4 abstenções. No Senado, 51
votos contra e 4 a favor.
A decisão do Congresso ainda
depende de sanção presidencial. A
lei -de autoria do deputado
Eduardo Jorge (PT-SP)- precisa
ser regulamentada pelo governo
no prazo de 90 dias.
A lei estabelece que o planejamento familiar faz parte das ações
de saúde pública e é responsabilidade do SUS (Sistema Único de
Saúde), que promoverá campanhas educativas, treinamento de
pessoal e pesquisas nessa área.
A rede pública terá de assegurar
assistência médica desde a concepção, passando pelo parto, até o
controle de doenças sexualmente
transmissíveis e prevenção de câncer uterino, de mama e de pênis.
A esterilização voluntária será
feita somente depois de tentados
outros métodos contraceptivos,
durante dois meses, e mediante
declaração por escrito do casal ou
individual, no caso de solteiros.
Em janeiro do ano passado, por
pressão da Igreja Católica, Fernando Henrique vetou os 14 dispositivos relacionados à esterilização de
homens e mulheres.
A primeira-dama Ruth Cardoso
trabalhou pela derrubada do veto.
Segundo parlamentares próximos
ao presidente, no dia seguinte ao
veto, FHC percebeu o equívoco:
durante o café da manhã, a primeira-dama criticou sua decisão.
Na sessão de ontem, parlamentares evangélicos e católicos tentaram manter os vetos.
"É um contra-senso discutir esse projeto quando enfrentamos
graves problemas no sistema de
saúde pública e pessoas estão morrendo por falta de assistência",
afirmou o deputado Salvador
Zimbaldi (PSDB-SP).
"Vamos manter o veto para felicidade das mulheres, que poderão
transformar nosso país numa
grande nação, dando a luz a varões", disse o deputado Philemon
Rodrigues (PTB-MG).
Preocupado com o rumo dos
discursos, o líder do PFL, deputado Inocêncio Oliveira (PE), correu
para o microfone: "É importante
destacar que isso é uma prevenção
ao aborto". Os líderes do governo
na Câmara, deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), e no
Congresso, senador José Roberto
Arruda (PSDB-DF), fizeram questão de esclarecer que o presidente
negociou a derrubada dos vetos.
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