São Paulo, domingo, 13 de agosto de 2000


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SAÚDE MENTAL
Ministério da Saúde quer saber das condições dos internos e estimular o atendimento extra-hospitalar
Censo vai mostrar o perfil dos pacientes

DA ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR

O Ministério da Saúde vai começar a realizar a partir deste mês uma espécie de censo dos pacientes mentais internados em todos os hospitais credenciados ao SUS (Sistema Único de Saúde).
O objetivo, explica Renilson Rehem, secretário nacional de Assistência à Saúde, é conhecer o perfil dos pacientes e fazer um levantamento dos serviços oferecidos pelos municípios.
A intenção é que as prefeituras ofereçam uma rede de serviços extra-hospitalares (Centros de Atenção Psicossocial) e casas (tipo repúblicas) para abrigar os pacientes considerados crônicos.
A construção dessa rede seria com recursos que hoje são destinados ao pagamento de internações hospitalares.
"Há o reconhecimento explícito de que houve avanço na área de saúde mental, mas que esse processo precisa ser retomado", afirma Rehem. Ele diz esperar por "alguma" resistência por parte dos hospitais.
Segundo ele, o governo já tomou providências para viabilizar a mudança. Uma delas é a fixação de uma diária de R$ 28,00 para o hospital-dia (instituição para onde o paciente vai só para tomar medicamento, voltando em seguida para casa). Para a internação tradicional, o valor da diária é de R$ 24,00. Com isso, o governo espera reduzir as internações desnecessárias. Rehem reconhece que há desperdícios atualmente.
Segundo o secretário, entre 95 e 99 os atendimentos em hospitais-dia aumentaram 163%. Nesse mesmo período, as internações em hospitais psiquiátricos tradicionais caíram mais de 50% em alguns Estados, como São Paulo.
Para secretário, a edição da portaria 106 -que permite o tratamento domiciliar com recursos do SUS, mas ainda não foi regulamentada- cria alternativas para os pacientes crônicos que não têm onde morar.
Além de transferir os recursos das internações para formas alternativas de tratamento, o ministério, diz Rehem, manterá uma verba para a aquisição de medicamentos específicos do setor.
Outra prioridade do ministério será criar políticas de atendimento para alcoólatras e usuários de drogas, que hoje são encaminhados para hospitais psiquiátricos.
O primeiro passo para melhorar os hospitais psiquiátricos foi a edição, em 92, da portaria 224, que estabeleceu normas mínimas para o funcionamento dos hospitais, como a fixação do número de médicos, e acabou levando ao fechamento de instituições em condições precárias. (GA)


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