São Paulo, domingo, 13 de agosto de 2000


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Estadia prolongada cria laços afetivos


DA ENVIADA ESPECIAL A FEIRA DE SANTANA

Beatriz dos Santos, 54, e Matilde Gonçalves da Silva, 48, estão internadas há mais de 20 anos no Hospital Colônia Lopes Rodrigues, em Feira de Santana, a 112 quilômetros de Salvador.
Nesse período, criaram laços afetivos com os funcionários e com os companheiros de quarto. "Minha família veio me visitar três vezes", diz Matilde, uma mulher gentil, que há anos conhece com precisão suas doses diárias de medicamentos.
Há um ano, a equipe do hospital tenta transferi-las para "lares abrigados", no terreno da colônia, para que elas reaprendam a viver fora do esquema hospitalar.
"Tenho muito amor aqui", diz Bia, que, ao falar sobre a casa, desconversa. "Aqui a gente tem até bloco de carnaval", diz, referindo-se ao bloco Loucos Pela Vida.
O diretor Outram Borjes conhece os 400 pacientes moradores (chamados de crônicos) pelo nome e diz que eles, abandonados pela família, acabam refazendo os laços afetivos.
Sônia Souza, 43, passou mais da metade da vida internada. Hoje ela está bem - toma apenas diazepan (calmante) - e "adotou" duas pacientes. Floricéia da Silva, com retardamento mental pesado, recebe cuidados de Sônia desde os 3 anos. Hoje ela tem 25.
Há alguns anos, Maria Paula se incorporou à família. Desde então, as três são vistas juntas por toda a colônia, um espaço de cerca de 70 hectares.
"Ensinei Paula a cantar", diz Sônia orgulhosa. "Antes ela nem falava", completa. (GA)














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