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Estadia prolongada cria laços afetivos
DA ENVIADA ESPECIAL A FEIRA DE SANTANA
Beatriz dos Santos, 54, e Matilde
Gonçalves da Silva, 48, estão internadas há mais de 20 anos no
Hospital Colônia Lopes Rodrigues, em Feira de Santana, a 112
quilômetros de Salvador.
Nesse período, criaram laços
afetivos com os funcionários e
com os companheiros de quarto.
"Minha família veio me visitar
três vezes", diz Matilde, uma mulher gentil, que há anos conhece
com precisão suas doses diárias
de medicamentos.
Há um ano, a equipe do hospital
tenta transferi-las para "lares
abrigados", no terreno da colônia,
para que elas reaprendam a viver
fora do esquema hospitalar.
"Tenho muito amor aqui", diz
Bia, que, ao falar sobre a casa, desconversa. "Aqui a gente tem até
bloco de carnaval", diz, referindo-se ao bloco Loucos Pela Vida.
O diretor Outram Borjes conhece os 400 pacientes moradores
(chamados de crônicos) pelo nome e diz que eles, abandonados
pela família, acabam refazendo os
laços afetivos.
Sônia Souza, 43, passou mais da
metade da vida internada. Hoje
ela está bem - toma apenas diazepan (calmante) - e "adotou"
duas pacientes. Floricéia da Silva,
com retardamento mental pesado, recebe cuidados de Sônia desde os 3 anos. Hoje ela tem 25.
Há alguns anos, Maria Paula se
incorporou à família. Desde então, as três são vistas juntas por
toda a colônia, um espaço de cerca de 70 hectares.
"Ensinei Paula a cantar", diz Sônia orgulhosa. "Antes ela nem falava", completa.
(GA)
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