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Casal se muda após morte de filho
DA SUCURSAL DO RIO
Não restava muita coisa para a
família Ribeiro quando o casal
Elaine e Flávio chegou ao acampamento Araguaia com os quatro
filhos, há dois meses.
Depois de assistir o assassinato
do primogênito, de 20 anos, na sala de casa no bairro de Vasconcelos (zona oeste do Rio), no dia 27
de maio, no dia seguinte a família
mudou-se para os barracos de
madeira em Campo Grande.
"Meu filho foi assassinado por
ciúmes. Ele era casado com a ex-mulher do traficante. Tive que
sair de lá, comecei a andar e cheguei aqui", resume Elaine de
Moura Ribeiro, 48, que acabou de
adotar uma criança.
A família evangélica, que frequentava os cultos da Igreja Universal do Reino de Deus, rompeu
com a religião quando a ajuda para construir o barraco no acampamento do MTST foi negada no
templo.
"Ficamos todos na pior. Mas vir
para cá foi uma terapia para mim.
O povo ajudou a fazer o barraco e
as conversas com os vizinhos me
ajudaram a superar o trauma."
Enquanto o marido vai de bicicleta a Vasconcelos à procura de
biscates, Elaine junta os filhos,
que não conseguiram matrícula
nas escolas da região, para ir às
manifestações do MTST.
"Acho que o nosso caminho é
com o povo na luta e não fechados
dentro da igreja. Temos que procurar Deus dentro de casa", diz.
Violência
Dos sem-teto do Rio acima de 18
anos, 36% foram morar nas ruas
devido a problemas familiares. Os
casais que vivem nos acampamentos Araguaia e Nova Canudos ilustram a estatística.
A desempregada Jordana
Butt,18, saiu da casa da mãe fugindo de um padrasto violento, chegou a morar na rua e fugir da polícia. Casou, mas não conseguiu
conviver com a sogra. Há seis meses foi parar com o marido e a filha Letícia de 1 ano e oito meses
no acampamento Araguaia.
"Em certas coisas é melhor que
na rua, mas em é outras pior. Tem
dias que a polícia entra atirando,
mas aqui eu posso confiar nas
pessoas e na rua não podia confiar
em ninguém." Ela conta que
aprendeu no Araguaia o significado da palavra consciência. "Não
tinha noção disso. A gente aprende com o povo quando enxerga
que não é só a gente que precisa
das coisas, mas todo o mundo."
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